LA PAZ - O ministro do Interior da Bolívia, Sacha Llorenti, renunciou nesta terça-feira (27/9), em meio às acusações de extrema violência na repressão da marcha indígena para protestar contra a estrada sobre uma reserva ambiental na amazônia boliviana.
No domingo passado, a polícia dispersou com violência o acampamento da marcha indígena em Yucumo, onde os manifestantes foram retirados de suas barracas e forçados a embarcar em ônibus. "Vou me defender das acusações. Faço pública a decisão de renunciar para evitar qualquer tipo de instrumentalização" política do incidente, disse Llorenti. "Não abandono o barco porque está afundando, pelo contrário, dou um passo com o humilde objetivo de que o barco do processo revolucionário avance com maior rapidez".
Llorenti havia responsabilizado o vice-ministro do Interior, Marcos Farfán, por decidir e dirigir a operação policial contra a marcha indígena.
[SAIBAMAIS]Na segunda-feira, a ministra da Defesa, Cecilia Chacón, pediu demissão para repudiar a ação "injustificável" da polícia contra os indígenas, quando "existem outras alternativas". Diante da onda de indignação pela repressão ao protesto dos indígenas, o presidente boliviano, Evo Morales, suspendeu o projeto de construção da estrada que cortaria o Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure", até que "todas as partes sejam ouvidas".
Morales também propôs a criação de "uma comissão de alto nível, com organismos internacionais e o defensor do Povo, para que haja uma profunda investigação sobre os fatos" envolvendo a repressão. A violência policial contra os manifestantes, que não poupou mulheres e crianças, provocou protestos inflamados nas ruas de La Paz, Cochabamba e Santa Cruz, além de uma greve cívica na região de Beni.
A estrada em questão é parte da rodovia que unirá os oceanos Pacífico e Atlântico e promoverá o comércio na América do Sul. O projeto é financiado pelo Brasil, com custo total de 415 milhões de dólares.