Yucumo - A polícia boliviana dispersou no domingo (26/9), com bombas de gás lacrimogêneo, a marcha de indígenas que seguia em direção a La Paz para rejeitar a construção da estrada que atravessa o Parque Nacional Isiboro Sécure.
A operação ocorreu em Yucumo, a qual os nativos haviam chegado no sábado, após romper o cerco policial montado no acesso à localidade.
Os indígenas foram retirados das barracas que ocupavam e, colocados à força em ônibus que seguiram para San Borja, 55 km de Yucumo. Segundo algumas fontes, os principais dirigentes da marcha estão detidos. Alguns indígenas apresentavam cortes na cabeça enquanto eram colocados nos ônibus pelos policiais.
A polícia também dispersou o bloqueio levantado por partidários do presidente Evo Morales na estrada para Yucumo, 320 km de La Paz.
A marcha indígena havia chegado a Yucumo após utilizar o chanceler boliviano, David Choquehuanca, como escudo humano para romper o bloqueio policial no sábado.
[SAIBAMAIS]Choquehuanca tentava reiniciar negociações com os indígenas contrários à construção de estrada sobre a reserva ecológica, e foi obrigado a marchar por quatro horas com os nativos, após confrontos com a polícia que terminaram com um oficial ferido.
Antes da ação policial deste domingo, o presidente Evo Morales anunciou no povoado de San Antonio - onde se reuniu com os 16 povos nativos do Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS) - a convocação de um referendo nos departamentos de Beni e Cochabamba sobre a construção da estrada Villa Tunari-San Ignacio de Moxos.
Morales também garantiu a promulgação da lei contra a ocupação de terras no TIPNIS e afirmou que vai retirar os colonos de assentamentos ilegais.
A estrada em questão é parte da rodovia que unirá os oceanos Pacífico e Atlântico e promoverá o comércio na América do Sul. O projeto é financiado pelo Brasil, com custo total de 415 milhões de dólares.