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Morte de Rabbani: manifestações em Cabul, funeral nacional na sexta-feira

Centenas de afegãos se reuniram nesta quinta-feira em Cabul para protestar contra o assassinato do ex-presidente Burhanuddin Rabbani, cuja morte representa uma enorme perda para o governo e seus aliados ocidentais.

O ex-chefe de Estado será homenageado com um funeral nacional na sexta-feira e com um luto nacional de três dias a começar desta quinta-feira, afirmou uma fonte ligada à Presidência.

Herói da resistência contra as tropas soviéticas nos anos de 1980, mas questionado como todos os outros senhores da guerra afegãos por organizações dos Direitos Humanos na década de 1990, Rabbani foi presidente do país de 1992 a 1996.

Membro da etnia tadjique e originário do norte do Afeganistão, ele voltou à cena política no ano passado ao ser nomeado chefe do Conselho Superior para Paz (HPC), encarregado de estabelecer o diálogo com os talibãs.

O ex-presidente foi morto em sua casa por um homem-bomba que se passou por um mensageiro do grupo fundamentalista. Apesar de a polícia ter imediatamente acusado os rebeldes pelo atentado, a autoria do ataque ainda não foi reivindicada.

Em uma mensagem postada na internet, o porta-voz dos rebeldes, Zabihullah Mujahid, disse não poder fazer declarações sobre o caso, indicando que aguarda mais informações para se pronunciar.

Desde a manhã de quarta-feira, as medidas de segurança foram reforçadas em Cabul, principalmente no bairro diplomático onde centenas de simpatizantes se reuniram na frente da casa de Rabbani para denunciar seu assassinato.

Os manifestantes exibiam imagens do ex-presidente, alguns com faixas pretas na cabeça recitavam versos do Corão, segundo um jornalista da AFP.

Burhanuddin Rabbani, que foi mentor do comandante jihadista tadjique Ahmad Shah Massud, é a maior personalidade política afegã assassinada depois da invasão das forças ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos no país.

Este assassinato "não nos fará desistir do caminho que havíamos traçado", o de negociar com os insurgentes, afirmou o presidente Karzai.

Os talibãs intensificaram consideravelmente suas ações nos últimos quatro anos no Afeganistão, apesar da presença das forças internacionais, constituídas por aproximadamente 140.000 soldados.

Eles multiplicaram os atos de guerrilha, sobretudo em Cabul, no momento em que a Otan prevê a sua retirada até 2014 para confiar a segurança do país às frágeis forças afegãs.