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Cameron e Sarkozy dizem em Trípoli que Kadafi continua sendo um perigo

Trípoli - O primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmaram nesta quinta-feira (15/9) em Trípoli que o coronel Muamar Kadafi, foragido desde a tomada da capital pelos rebeldes no dia 23 de agosto, é um "perigo" e que, portanto, é preciso "terminar o trabalho".

Os dois líderes fizeram estas declarações durante uma visita relâmpago a Trípoli sete meses após o início da rebelião contra o regime de Kadhafi, que estava no poder desde 1969 e cujo paradeiro continua sendo um mistério.

Sarkozy e Cameron, que desde o início apoiaram os rebeldes, conversaram com os chefes do Conselho Nacional de Transição (CNT), que tomou o poder do país rico em petróleo com a ajuda das forças da Otan.

"Kadafi é um perigo, é preciso terminar o trabalho" na Líbia, disse Sarkozy em uma coletiva de imprensa conjunta com Cameron e com os dois principais líderes do CNT, Mustafa Abdul Jalil e Mahmud Jibril.

Já Cameron prometeu colaborar com a busca e captura de Kadafi. "Vamos ajudá-los a encontrar Kadafi e a apresentá-lo à justiça", acrescentou o primeiro-ministro britânico.

Cameron também anunciou que a missão da Otan prosseguirá enquanto existirem territórios ou cidades sob controle das tropas de Kadafi. "Devemos manter a missão da Otan até que todos os civis estejam protegidos", disse Cameron. "Manteremos a missão da Otan pelo tempo que for necessário sob o mandato da resolução 1973 das Nações Unidas para proteger os civis", compleou.

"Este trabalho não está terminado. Ainda há partes da Líbia sob o controle de Kadafi", insistiu o primeiro-ministro britânico.

Nesta quinta-feira, as tropas do CNT se aproximaram a 50 km de Sirte, 370 km a leste de Trípoli, enfrentando as tropas pró-Kadafi.

Sarkozy pediu que não ocorra uma "vingança" nem "ajustes de contas" na Líbia e convocou os países que receberam líbios procurados que os entreguem à justiça internacional.

"Também dissemos ao CNT que cabe aos líbios construir o futuro, não somos nós, são os líbios os que devem eleger seus líderes", disse Sarkozy.

A visita de Sarkozy e Cameron ocorre um dia após a viagem do subsecretário de Estado americano para o Oriente Médio, Jeffrey Feltman, que conversou com Abdul Jalil.

No plano econômico, um porta-voz de Cameron anunciou que a Grã-Bretanha liberará 688 milhões de euros, que fazem parte dos bens líbios, de um montante de 14 bilhões de euros bloqueados por ordem das Nações Unidas.

[SAIBAMAIS]Cameron e Sarkozy visitaram durante uma hora um hospital de Trípoli, onde foram aclamados e conversaram com feridos no conflito.

Sarkozy, acompanhado pelo ministro francês de Relações Exteriores Alain Juppé, e Cameron chegaram separadamente a Trípoli.

Ao fim da coletiva de imprensa, os dois líderes foram para Benghazi, capital da rebelião líbia.

Em Benghazi, Sarkozy visitará a cidade junto com Bernard-Henri Levy, um intelectual francês que facilitou os primeiros contatos dos insurgentes com o governo de Paris.

Kadafi, cujo paradeiro continua sendo desconhecido, segue divulgando mensagens regularmente através de um canal de televisão baseado na Síria, mas, segundo Feltman, "já quase não tem importância".

"O CNT não pode proclamar a libertação do país até que Kadafi tenha sido detido, nem antes do fim do perigo para os civis líbios", acrescentou Feltman. "Mas politicamente está terminado", acrescentou.

Enquanto isso, as tropas do CNT se preparavam para lançar as ofensivas anunciadas há vários dias contra bastiões leais a Kadafi em Bani Walid (170 km a sudeste de Trípoli), Sirte (360 km a leste da capital) e Sebha (centro), que seguiam resistindo à rebelião apoiada pela Otan.