Bamako - Centenas de estrangeiros são vítimas de violações dos direitos humanos na Líbia, denunciou nesta quarta-feira (14/9) a associação Defesa-Estrangeiros na Líbia, segundo a qual "cerca de 300" pessoas, sobretudo tuaregues malineses e nigerinos, são detidos e "torturados" pelas novas autoridades.
"O que ocorre na Líbia é muito grave. Os estrangeiros, essencialmente os tuaregues do Mali e do Níger, são atualmente presos. São torturados", declarou Usman Ag Ahmed, secretário-geral de Defesa-Estrangeiros na Líbia, criada por malineses e nigerinos no início da rebelião líbia, em fevereiro.
O "único crime" destes estrangeiros "é ser considerados partidários de (Muamar) Kadafi", líder líbio cujo regime caiu em agosto, informou Ag Ahmed, um malinês cuja associação tem sede em Kidal (norte do Mali) e em Agadez (norte do Níger).
"Segundo informações fidedignas, cerca de 300 estrangeiros, especialmente tuaregues do Mali e do Níger, estão detidos nas prisões líbias. São perseguidos pelas forças de segurança do novo regime" do Conselho Nacional de Transição (CNT), afirma um comunicado da associação.
"Há tuaregues torturados, perseguidos nas ruas. Temos seis casos" de violência contra os tuaregues, afirmou a Defesa-Estrangeiros na Líbia, que afirmou "não ter notícias" destas pessoas.
"Alguns dizem que os mataram e os enterraram em uma fossa comum. Seus países de origem têm que reagir e o CNT deve dar sua versão dos fatos", segundo a associação.
Segundo dirigentes da associação, os testemunhos foram obtidos de contatos no local que se escondem e temem por suas vidas, ou por detidos que subornam os guardas para poder se comunicar com o exterior.
A ONG afirma ter recorrido às autoridades malinesas e nigerinas e solicitado uma reunião para "explicar" a situação e exigir as medidas necessárias para pedir a libertação dos estrangeiros presos na Líbia.