Uma pessoa morreu e quatro ficaram feridas, após a explosão do forno de um centro de reciclagem de material radioativo. O acidente ocorreu no complexo nuclear de Marcoule, perto da cidade de Orange, no sudeste da França. A Autoridade de Segurança Nuclear (ASN) francesa negou qualquer risco de vazamento de material e suspendeu as medidas de segurança máxima decretadas assim que o problema foi controlado. Os 3,5 mil funcionários chegaram a ser confinados, ante o perigo inicial de radioatividade.
Por meio de um comunicado, a entidade divulgou que o acidente ;não representa problema radiológico nem (carece) de uma ação de proteção da população;. Quanto aos atingidos que sobreviveram e às verificações feitas posteriormente, a mensagem explicava que ;não estão contaminados, e as medidas realizadas do lado de fora do edifício pela empresa e o monitoramento dos bombeiros não mostraram nenhuma contaminação;.
As informações da ASN foram confirmadas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). De acordo com o órgão, vinculado às Nações Unidas, o forno danificado continha apenas materiais com um baixo índice de radioatividade. Esses objetos seriam, por exemplo, vestimentas de proteção usadas em usinas nucleares, além de peças e ferramentas bombardeadas com ondas nucleares.
Investigação
A AIEA revelou ter sido detectado cobalto 60 no conteúdo do forno da Centraco, empresa controlada por uma filial da companhia elétrica EDF. O elemento é amplamente utilizado na indústria médica e, apesar da onda de choque causada pela explosão, os sobreviventes não foram contaminados. Um dos feridos estaria hospitalizado em estado grave.
Os motivos da explosão ainda são ignorados pela ASN, que determinou uma investigação. O que se sabe é que, por volta do meio-dia (hora local), ouviu-se um forte estrondo. A isso se seguiu um incêndio no forno atingido. As chamas só foram debeladas pelos bombeiros aproximadamente uma hora após seu início.
O ministro francês da Indústria, Éric Besson, lamentou a morte do funcionário e os ferimentos em três trabalhadores ; cujas indentidades não foram divulgadas. Ele afirmou tratar-se de ;um drama humano; e classificou o episódio de ;acidente industrial;, mas não de uma ;ocorrência nuclear;.
O governo da França tem feito um esforço bastante grande para acalmar a população quanto à segurança do uso de sua energia nuclear. Após o terremoto e o tsunami que atingiram, em março, a usina de Fukushima (Japão), onde houve vazamento radioativo, os franceses se mostraram temerosos em relação à geração de eletricidade com esse tipo de tecnologia. Na França, existem 58 reatores nucleares, que produzem 75% da eletricidade consumida no país. Coincidentemente, ontem, o diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, apresentou um plano para garantir um uso seguro da energia atômica. Ele afirmou que foram definidas regras mais avançadas do que as vigentes até 11 de março de 2011, quando houve o desastre na central nuclear japonesa.