ANCONA - O Papa Bento XVI celebrou missa ao ar livre, neste domingo, para mais de 80.000 pessoas reunidas no canteiro naval de Ancona, porto italiano sobre o mar Adriático, entre elas, operários em desemprego técnico há quatro meses.
Na homilia, o papa, que chegou ao porto de helicóptero, procedente da residência de verão de Castel Gandolfo, insistiu sobre o fato de que "a força do poder e da economia" não são suficientes para o Homem.
"O Homem cai, com frequência, na ilusão de poder ;transformar pedras em pão;", com "algumas ideologias tentando organizar a sociedade com a força do poder e da economia", lamentou o papa, para quem "o objetivo de assegurar a todos desenvolvimento, bem-estar material e paz, com a abstração de Deus, leva a dar aos homens pedras no lugar do pão".
Numerosos políticos assistiram à celebração, por ocasião do 25; congresso eucarístico italiano: do braço direito de Silvio Berlusconi, Gianni Letta, ao líder do principal partido de oposição, Pier Luigi Bersani (esquerda).
Ao final da missa, o presidente do estaleiro Fincantieri, Giuseppe Bono, reafirmou seu compromisso em reabrir o local, fechado desde maio, "a partir do mês de outubro próximo, devido à encomenda de dois navios".
Bento XVI, em seguida, almoçou com um grupo de operários desempregados. Participaram da mesa grupos pobres assistidos pela associação Caritas, além de delegados sindicais do Fincantieri e outros empregados da região, assim como os que exercem trabalhos precários na função pública.
"A Igreja é muito próxima do mundo do trabalho, não se esqueçam nunca", lembrou-lhes o papa.
"Seja religioso ou não, sua presença para nós é muito importante porque ela serve para atrair os projetores, para que não se esqueçam do drama de tantas famílias", disse à agência italiana Ansa um dos participantes, Pasquale Palmisano, um desempregado do Fincantieri.
O papa consagrou o restante da visita à família, dirigindo-se a casais e padres, na catedral de Ancona, depois a 500 "jovens noivos", antes de retornar a Castel Gandolfo, nos arredores de Roma.
Bento XVI também fez um apelo aos políticos a "resistir à tentação do ódio", durante a missa em Ancona e na prece do Ângelus, lembrando os atentados do 11 de Setembro, nos Estados Unidos.
"Lembrando ao Senhor as vítimas dos atentados cometidos naquele dia e suas famílias, convido os dirigentes das Nações e os homens de boa vontade a rejeitar para sempre a violência como solução para os problemas e a resistir à tentação do ódio", declarou o papa.