DUBAI - O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta quinta-feira que as forças navais do seu país escoltarão os barcos turcos que levarem ajuda humanitária à Faixa de Gaza, após a negativa de Israel de se desculpar pelo sangrento assalto a um navio turco em maio de 2010. "Os navios de guerra turcos se encarrgarão de proteger os barcos turcos com ajuda humanitária para a Faixa de Gaza", submetida a um bloqueio israelense, declarou Erdogan ao canal de televisão Al Jazeera.
"De agora em diante não permitiremos que estes barcos sejam objeto de ataques de parte de Israel, como foi o caso da flotilha da Liberdade, já que Israel enfrentará a resposta adequada", afirmou Erdogan. "A Turquia será firme em seu direito de controlar as águas territoriais no leste do Mediterrâneo", e já "adota medidas para impedir que Israel explore unilateralmente os recursos naturais" desta região.
"Israel começou a proclamar direitos sobre zonas econômicas exclusivas no Mediterrâneo, mas logo verão que jamais obterão estes direitos porque a Turquia, como fiadora da República Turca do Norte de Chipre, tomou medidas na região e será firme com seu direito de controlar as águas territoriais do leste do Mediterrâneo".
O estado hebreu anunciou em julho a apresentação às Nações Unidas do traçado de sua zona econômica exclusiva no Mediterrâneo, onde há gás, mas a área também é reivindicada pelo Líbano.
As relações entre Turquia e Israel, até então excelentes, se deterioraram após a publicação, há uma semana, do relatório da ONU sobre o ataque à flotilha de Gaza.
O relatório considera que o Exército israelense empregou força "excessiva e pouco razoável" na operação que matou nove ativistas turcos em maio de 2010, mas considerou legal o bloqueio naval imposto por Israel à Faixa de Gaza.
Na sexta-feira passada, a Turquia decidiu expulsar o embaixador israelense em Ancara e congelar as relações bilaterais, para protestar contra a negativa de Israel de se desculpar pela operação contra a flotilha. Erdogan já manifestou seu desejo de visitar Gaza por ocasião da viagem prevista para a próxima semana ao Egito, o que seria um duro golpe nas relações entre os dois países.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, elogiou na quarta-feira os membros do comando que abordou o navio "Mavi Marmara", que integrava a flotilha de ajuda aos palestinos interceptada por Israel quando seguia para a Faixa de Gaza. "O povo de Israel, que os enviou nesta missão, está orgulhoso de vocês", afirmou o premier em Haifa.