Paris - O estilista britânico John Galliano, de 50 anos, foi considerado culpado de ter proferido insultos antissemitas e condenado a uma multa de 6.000 euros (8.400 dólares), mas com sursis, em uma audiência celebrada nesta quinta-feira (8/9) no Palácio de Justiça de Paris.
Galliano, demitido pelo grupo Christian Dior, não compareceu à audiência no Tribunal Correcional de Paris.
O estilista poderia ter sido condenado a uma de pena de até seis meses de prisão e a pagar uma multa de 22.500 euros (31.000 dólares) pelos insultos antissemitas e racistas proferidos em duas ocasiões contra fregueses de um bar do bairro parisiense Le Marais.
O Tribunal Correcional de Paris condenou Galliano a apenas 4.000 euros de multa com sursis por um primeiro incidente ocorrido em 24 de fevereiro e a 2.000 euros de multa, também com suspensão condicional, pelo segundo incidente, registrado em 8 de outubro de 2010, no mesmo bar La Perle.
As multas só serão pagas se o estilista britânico - que brilhou no mundo da moda durante 15 anos e levou a Dior a obter lucros milionários - voltar a proferir insultos antissemitas e raciais, segundo estipula a legislação francesa.
Em 22 de junho, em uma audiência no mesmo tribunal, o estilista nascido em Gibraltar, filho de um bombeiro hidráulico anglo-italiano e de uma espanhola, confessou que sofria de um "vício triplo" de álcool, soníferos e valium.
"Não recordo muito bem o que aconteceu", declarou John Galliano, que confessou aos juízes que no momento dos fatos atribuídos a ele estava sobrecarregado de trabalho e que por isso passou a beber e a consumir tranquilizantes.
Um dos processos foi aberto por uma mulher que afirmou ter sido insultada por Galliano em 8 de outubro de 2010 no bar La Perle. O estilista a teria chamado de "fucking ugly jewish bitch" (puta e feia judia de merda).
A outra ação diz respeito a um episódio ocorrido em 24 de fevereiro no mesmo bar, onde Galliano ofendeu pessoas sentadas em uma mesa próxima.
"Amo Hitler. Pessoas como vocês estariam mortas. Suas mães, seus pais seriam uns putos levados para câmaras de gás", gritou Galliano em um vídeo gravado com um telefone celular, divulgado dias depois pelo jornal britânico The Sun e exibido no tribunal.
"Nunca foram minhas convicções", se defendeu Galliano antes de pedir desculpas pela comoção provocada.
A promotora Anne de Fontette havia solicitado pelo menos 10.000 euros de multa. Ela admitiu que Galliano "não é um teórico do racismo antijudaico", mas que sua atitude reflete o "racismo e o antissemitismo cotidiano, o dos estacionamentos e dos supermercados, lamentável e espantoso".
Galliano - que dirigia todas as linhas femininas, alta costura e prêt-a-porter da Dior, assim como era responsável pelos perfumes e pela imagem global de marca, que vale 12 bilhões de euros - está desempregado. Tanto o futuro dele como o do grupo, que pertence ao LVMH, grupo de luxo que é proprietário da Dior Couture, são incertos.
As especulações são as de que a Dior anunciará o americano Marc Jacobs, diretor artístico da Vuitton desde 1997, para ocupar o posto que era de Galliano.