LA PAZ - O Brasil descarta suspender um crédito de 332 milhões de dólares para a construção de uma polêmica estrada na Bolívia, repudiada por indígenas amazônicos porque cruzará uma área de reserva, disse esta quarta-feira o assessor da Presidência, Marco Aurélio Garcia, em La Paz.
"Nós não temos nenhuma razão para suspender este financiamento", disse Garcia, após reunião privada com o presidente boliviano, Evo Morales, com quem analisou o nível da cooperação bilateral.
Os índios bolivianos enviaram, em meados de agosto, uma carta à presidente brasileira, Dilma Rousseff, informando sobre os danos ambientais que a estrada de 300 km provocará ao cruzar o parque ecológico TIPNIS, no centro do país, rico em fauna e flora.
A construção da via terá custo total de 415 milhões de dólares, dos quais 332 milhões são financiados pelo Brasil, com crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O restante compõe a contrapartida local.
A obra, a cargo da empreiteira privada OAS Ltda., ainda não chegou ao TIPNIS.
Marco Aurelio Garcia esclareceu que o crédito está sujeito a cláusulas, como o cuidado com o meio ambiente e o respeito aos critérios dos povos indígenas que, em sua opinião, a Bolívia está cumprindo.
"Praticamos estas cláusulas no Brasil e tenho entendido que a Bolívia as pratica também. Estou convencido de que o governo boliviano e a sociedade boliviana encontrarão uma boa solução para isto", reforçou.
Os indígenas, que agora somam dois mil, iniciaram em 15 de agosto uma caminhada de 600 km da cidade amazônica de Trinidad (nordeste) até La Paz, em ato de repúdio a esta estrada, enquanto o governo considera que a via ajudará no desenvolvimento econômico da região.