La Paz - O governo boliviano e indígenas amazônicos suspenderam neste domingo (4/9) o diálogo iniciado na véspera sobre a polêmica estrada financiada pelo Brasil que cruza uma reserva ecológica.
"O diálogo está suspenso, não há fumaça branca (acordo)", disse o líder indígena Fernando Vargas, do povoado de San Borja, 317 km a nordeste de La Paz, onde a questão foi debatida no sábado com seis ministros do governo do presidente Evo Morales.
Os indígenas rejeitam a estrada de 300 km que cruzará o Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), no centro da Bolívia, rico em flora e fauna e habitado por vários grupos nativos.
[SAIBAMAIS]A vice-ministra do Meio Ambiente, Cintya Silva, que participou do diálogo em San Borja, garantiu que "o governo está disposto a realizar ações e dispor de recursos (...) para implementar estratégias visando a proteção e a integridade territorial e ambiental do Tipnis".
A estrada é parte da rodovia que unirá os oceanos Pacífico e Atlântico e promoverá o comércio na América do Sul. O projeto é financiado pelo Brasil, com custo total de 415 milhões de dólares.
San Borja foi ocupada no sábado por centenas de indígenas contrários à obra, que já caminharam mais de 100 km rumo a La Paz.
Mas a obra é apoiada por indígenas e camponeses ligados ao presidente Evo Morales, que realizaram no sábado uma manifestação para apoiar a estrada, que ligará a região "cocalera" de Villa Tunari, bastião do líder boliviano, a San Ignacio de Moxos.