Damasco - O procurador-geral de Hama (centro da Síria) anunciou sua renúncia para denunciar a repressão do movimento de protesto contra o regime, embora as autoridades sírias tenham desmentido a informação, assegurando que ele foi obrigado a dizer "mentiras".
Damasco havia anunciado na segunda-feira o sequestro do procurador. "Eu, Adnan Mohamed el Bakur, procurador-geral da província de Hama, anuncio minha renúncia sob o regime de Assad e de suas tropas", declarou o procurador em um vídeo divulgado na internet, no qual não informa quando ou onde a gravação foi feita.
Bakur justificou sua decisão pelos excessos do regime em sua província e denunciou em especial a morte no dia 31 de julho de 72 manifestantes e ativistas políticos detidos na prisão de Hama, e que foram posteriormente enterrados em uma fossas comuns.
Ele também denunciou "a morte de 420 pessoas" pela ação das "forças de segurança e de milicianos do regime". Segundo ele, as vítimas foram "enterradas em fossas comuns". Bakur também denunciou a morte de outras 320 pessoas que foram torturadas nas delegacias da província, além da"detenção de mais de 10 mil pessoas" e da demolição de casas de opositores.
O governador de Hama, Anas Naem, citado pela agência Sana, declarou nesta quinta-feira que o procurador-geral "foi forçado por seus sequestradores a dar informações falsas divulgadas pelos canais via satélite (...) no âmbito de uma campanha midiática contra a Síria".
Segundo outra autoridade síria citada pela agência oficial, o procurador fez estas denúncias "arrancadas sob a ameaça de armas" e classificou as acusações de "mentiras".
A repressão ao movimento de protesto contra o regime do presidente Bashar al-Assad, que começou em meados de março, deixou mais de 2.200 mortos, a maioria civis, segundo a ONU.