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Moradores de Trípoli celebram em massa o fim do Ramadã

A outrora chamada Praça Verde da capital líbia, rebatizada Plaza dos Mártires, poucas vezes reuniu tanta gente, com os moradores de Trípoli celebrando nesta quarta-feira a festa muçulmana do Aid el Fitr, no fim do mês de jejum do Ramadã, assim como uma nova vida sem Muamar Kadafi.

Homens, mulheres e crianças em paz e sorridentes se reuniram na praça rodeada pelo Castelo Vermelho, uma fortaleza da época otomana com edifícios de estilo italiano e mediterrâneo.

A muralha do castelo era utilizada como tribuna por Kadafi para convocar seus partidários desde o início dos protestos seis meses atrás. "Olha esta multidão, é mil vezes mais numerosa do que a que Kadafi reunia diante das câmeras de televisão para dizer ao mundo que todos os líbios estavam com ele", disse Ahmed al-Huni, empresário de 31 anos. "É a melhor festa da minha vida", declarou Adel Masmudi, de 42 anos, tempo que durou o regime do coronel, que veio com seu filho e suas irmãs, Mabruka e Nuha.

Antes das orações, a multidão se levanta ao mesmo tempo e faz o "v" da vitória repetindo "Alá Akbar" (Deus é grande) e gritando slogans da glória dos mártires da revolução.

Quando o imã começa a pronunciar as palavras do Alcorão sua voz fica embargada pela emoção. Entre os presentes, muitos choram em silêncio.

As preces que se seguem comparam a entrada dos rebeldes em Trípoli e a debandada das tropas de Kadafi à conquista de Meca, principal local sagrado do Islã, pelo profeta Maomé. As orações pedem a união dos líbios e terminam rejeitando o domínio ocidental no país.

"Agradecemos à Otan por ter nos ajudado, mas somos um país muçulmano que não necessita da proteção de ninguém. Não precisamos de tropas islâmicas nem de tropas estrangeiras", ressalta o religioso, que felicita a partida do tirano Kadafi, vaiado a cada vez seu nome é pronunciado. O imã também saúda a resistência dos habitantes de Trípoli que suportaram até o fim os agentes de Kadafi. "O mais difícil já passou. Trípoli viveu seis meses de terror psicológico exercido pelos agentes de Kadafi", conta Mohamed Farhat, funcionário de 34 anos.

Farhat espera para seu filho de quatro anos "uma vida melhor" que a sua, e se mostra otimista apesar das primeiras dificuldades da nova Líbia. Existem focos de resistência dos fiéis ao antigo regime e todo o tipo de incertezas quanto ao futuro. "Respiro um ar de liberdade pouco habitual e isso é o mais importante. Não há nada mais precioso do que a liberdade", acrescenta Adnan Shekab, um estudante de 17 anos que junto de sua família participa deste momento festivo e raro.

Com a oração terminada, os fiéis se abraçam, alguns distribuem bolos. Finalmente a praça se esvazia, com calma, sem que tiros sejam ouvidos. Trípoli celebra esta festa em família.