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Muamar Kadafi afirma que passeou por Trípoli e convoca resistência

Tripoli - O coronel líbio Muamar Kadafi afirmou que passeou de maneira incógnita por Trípoli e convocou os habitantes a "limpar" a capital dos combatentes rebeldes, em uma mensagem de áudio divulgada nesta quarta-feira (24/8) pelo canal sírio Arrai. O ditador, no entanto, não revelou quando fez esse passeio e não faz qualquer referência ao local para onde se retirou.

Kadafi convocou "os habitantes de Trípoli, as tribos, os jovens, os idosos a saírem às ruas e limpar Trípoli dos ratos", em uma referência aos rebeldes. O dirigente líbio já havia afirmado em outra mensagem de áudio, divulgada na terça-feira (23/8) pelo canal Al-Oruba e no site da Al-Libiya, a emissora de seu filho Seif al-Islam, que saiu do ar, que deixou o quartel-general na capital do país por razões táticas. "Bab el-Aziziya não era nada além que um monte de escombros após ter sido bombardeado por 64 mísseis da Otan (desde o início do conflito) e nos retiramos por razões táticas", declarou Kadafi.

Já o porta-voz do regime, Mussa Ibrahim, fez um apelo aos "voluntários" e garantiu que mais de 6.500 homens chegaram a Trípoli nas últimas horas para engrossar as fileiras "kadafistas". "Os voluntários podem vir à Líbia e nós lhe daremos armas, munição e treinamento. Se os bombardeios prosseguirem, vamos transformar a Líbia em uma fogueira e saberemos proteger os civis dos bandos e da aliança dos cruzados", declarou Ibrahim à rede de TV síria Arrai. "As forças armadas líbias detiveram vários comandantes militares dos revolucionários da Otan", ressaltou.


Medida tática
Na entrevista dada a uma emissora de rádio, nesta terça-feira (23/8) que a saída do quartel-general foi uma "medida tática". Segundo ele, resta aos aliados vencer os rebeldes ou "morrer como mártires". No mesmo momento em que concedia a entrevista, ataques com mísseis e tanques foram registrados na capital, Trípoli, e em outras localidades. Na entrevista, reproduzida pela rede de TV Al Urubah (favorável ao regime), o líder líbio disse que seu quartel-general foi arrasado por 64 ataques aéreos conduzidos pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ; que bombardeia o território líbio de acordo com resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Em entrevista concedida à mesma TV Al Urubah, o porta-voz do governo de Kadafi, Moussa Ibrahim, ameaçou transformar a Líbia em um "vulcão em erupção e uma chama sob os pés dos invasores". Segundo Ibrahim, 6,5 mil voluntários entraram em Trípoli nas últimas seis horas, espalhando-se em todas as ruas de Trípoli. Ele disse que o governo controla 80% da capital. Paralelamente, dezenas de disparos de mísseis e morteiros foram registrados Trípoli, segundo relatos de testemunhas à rede de TV árabe Al Arabiya. A mesma emissora informou que a cidade de Ajelat, a oeste da capital, foi alvo de ataques de mísseis e de tanques por parte das forças leais a Kadafi.

Disparos de mísseis também ocorreram na cidade de Misrata, sob controle dos insurgentes, no oeste do país. Ontem, ao anoitecer, centenas de pessoas foram à Praça Verde, no centro da capital, para comemorar a suposta queda de Kadafi. Rebeldes atiraram para o alto, celebrando a tomada do complexo governamental, onde a bandeira verde do regime foi substituída pela tricolor, dos rebeldes.

Após controlar a maior parte de Trípoli, as forças rebeldes romperam ontem o cerco ao quartel-general de Kadafi. Um integrante da oposição informou que toda a superfície do complexo está sob controle das forças opositoras. Especula-se, no entanto, sobre a existência de abrigos subterrâneos no local. Um busto de Kadafi também foi arrancado de sua base e a cabeça da estátua foi chutada. Cartazes com imagens do líder líbio foram destruídos pelos rebeldes. Além de Trípoli, a cidade portuária de Las Ranuf foi palco de enfrentamentos.

Com informações da Agência Brasil