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Embaixador dos EUA é detido no sul da Síria durante missão diplomática

Damasco - O embaixador dos Estados Unidos foi detido nesta terça-feira (23/8) no sul da Síria, seis semanas depois de uma visita similar à Hama que provocou a ira das autoridades locais, já que opositores anunciaram a criação de um Conselho Nacional para coordenar a revolta. No mesmo local, na sexta-feira, 15 manifestantes foram mortos.

Ao mesmo tempo, as autoridades realizaram hoje dezenas de prisões no leste do país. O Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou a criação de uma comissão para investigar violações dos Direitos Humanos na Síria.

"O embaixador, Robert Ford, foi detido nesta manhã em Khassem, 65 Km ao sul de Damasco, durante uma visita diplomática de rotina", disse um porta-voz da embaixada dos Estados Unidos sem se identificar. "Depois ele retornou à embaixada", acrescentou.

Khassem se encontra na província de Deraa, berço da revolta que começou em meados de março contra o regime do presidente Bashar al-Assad.

Os embaixadores dos Estados Unidos e da França em Damasco, Robert Ford e Eric Chevallier, foram detidos separadamente no dia 7 de julho na cidade rebelde de Hama - 210 km ao norte da capital - que foi palco de manifestações massivas e provocou a revolta das autoridades.

O Ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Muallem, colocou sob supervisão os dois embaixadores que não podiam sair da capital sem autorização oficial.

"Nós iremos impor uma interdição de saída de Damasco se os embaixadores continuarem a violar as regras do ministério", declarou Muallem.

Durante sua visita na cidade de Hama, escoltado pelo exército, Ford encontrou muitos manifestantes. "O embaixador Ford quis ver com seus próprios olhos o que estava se passando", afirmou a embaixada.

Três dias depois, os embaixadores da França e dos Estados Unidos foram atacados.

No dia 18 de agosto, Barack Obama, pela primeira vez exigiu a renuncia do presidente Assad e anunciou novas sanções contra a Síria, o congelamento de negócios e a proibição de vistos para 15 pessoas e 5 empresas ligadas ao regime.

A União Europeia já adotou uma série de sanções contra a Síria, entre elas o congelamento dos negócios e a interdição de viagem de 35 pessoas, do presidente Assad e de quatro empresas, além de um embargo sobre as armas. Planeja também um eventual embargo aos produtos petrolíferos exportados pelo país. A Europa compra 95% do petróleo da Síria, o que representa um terço das receitas do país.

Em Istambul, personagens da oposição anunciaram nesta terça-feira a criação de um Conselho Nacional destinado à coordenar a luta contra o regime de Damasco.

A decisão foi tomada após quatro dias de discussões na metrópole turca, afirmaram os participantes durante uma coletiva de imprensa.

O Exército e as forças de segurança síria continuam a repressão. As perseguições nesta terça-feira concentraram-se na região de Mayadine (leste), principalmente em Chara, Hurirya e Tayaneb, onde tanques de guerra foram vistos na direção de Bukamal, na fronteira com o Iraque, segundo o Observatório sírio dos Direitos Humanos (OSDH, no Reino Unido).

O Conselho dos Direitos Humanos da ONU aprovou uma resolução que faz apelo ao "envio urgente de uma comissão de inquérito independente" ao país para "conduzir investigações sobre violações dos Direitos Humanos na Síria depois de março deste ano, descobrir as circunstâncias que levaram à tais violações e identificar os autores para assegurar que respondam por seus atos".

Na abertura da sessão na segunda-feira, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, afirmou que 2.200 pessoas foram mortas desde o início da crise em março, sendo 350 pessoas desde o início do Ramadã.

A China (junto de Rússia, Cuba e Equador) votou contra a resolução, pedindo a não ingerência para evitar mais violência. O porta-voz da diplomacia chinesa afirmou que "é a Síria que deve decidir o futuro da Síria".

Rússia e China, dois membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, nestes últimos meses se opuseram à adoção de uma resolução contra o regime do presidente Assad.

O maior grupo chinês de hidrocarbonetos foi pressionado pelos abalos políticos, que fez seis grandes projetos de exploração na Líbia, Síria, Argélia e Nigéria serem interrompidos, anunciou nesta terça-feira a imprensa chinesa.