No poder desde 1969, o líder líbio Muammar Khadafi assumiu o governo como líder revolucionário durante a crise do governo Idris I. Na sua gestão, nacionalizou a indústria de petróleo e disse liderar o movimento batizado por ele de pan-islamismo ; uma espécie de governo religioso sustentado nas distintas linhas do islamismo.
Ao longo de mais de quatro décadas de governo, Khadafi também apoiou governos guerrilheiros árabes em países subdesenvolvidos. De costumes excêntricos, o líder ficou conhecido também pelo exotismo das roupas que sempre usou no comando da Líbia e o hábito de morar em tendas, armadas em diferentes locais do país. Em fevereiro deste ano, eclodiram manifestações reivindicando sua renúncia.
A seguir, os principais momentos da crise Líbia.
Fevereiro ; estoura uma série de manifestações contra Khadafi, com os principais pontos de confronto em Trípoli e Benghazi. No final do mês, a oposição conseguiu dominar Benghazi, segunda maior cidade da Líbia, e instaurar o chamado Conselho Nacional de Transição ; sob poder dos rebeldes.
Março ; Kadhafi ataca a principal cidade onde se produz petróleo, Brega, e estende o dominío a Zawiyah. Em discurso na emissora estatal de televisão, o líder responsabiliza a oposição pela intervenção estrangeira e ameaça perseguir os manifestantes. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) impõe a área de exclusão aérea na região e inicia bombardeios. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Moussa Koussa, foge para Londres.
Abril ; Em Brega, a Otan é acusada de bombardear um alvo civil e mata 13 pessoas. Paralelamente, Khadafi demite um dos seus principais diplomatas, Ali Triki. A Itália, a França e o Qatar reconhecem o Conselho Nacional de Transição. A oposição anuncia que parte do petróleo produzido no país está sob seu poder. Os Estados Unidos exigem a saída de Khadafi. Entidades civis comunicam que mais de 10 mil pessoas morreram desde fevereiro. Khadafi aparece na emissora estatal passeando por pontos estratégicos de Trípoli.
Maio ; Depois de várias semanas de ataques a Misrata, Khadafi retira suas forças da cidade por causa dos bombardeios. Informações, não confirmadas oficialmente, indicam que civis e combatentes da oposição foram mortos e feridos. O Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão contra Khadafi por denúncias de crimes contra a humanidade.
Junho e Julho ; Os combatentes da oposição tentam ampliar seu controle para além de Misrata, avançando na direção de Trípoli. Emissários oposicionistas avisam que o objetivo é cercar Khadafi e pressioná-lo a deixar o poder, depois de 42 anos no governo. Em julho, o Diário Oficial da União publica decreto da presidenta Dilma Rousseff determinando o cumprimento da Resolução 1.973 pelas autoridades brasileiras. As medidas, aprovadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, incluem a proibição de voos no espaço aéreo líbio e o reforço dos embargos de venda de armas e do congelamento de ativos financeiros de autoridades líbias ligadas a Khadafi.
Agosto ; Início do Ramadã, período de jejum e orações para os muçulmamos. Paralelamente, a oposição avança para cidades apontadas como estratégicas, como Tiji e Bir Al Ghanam. Khadafi vai à emissora estatal de televisão e chama a oposição de ;ratos;. Ele avisa que o ;fim está próximo;. Os ataques da Otan se intensificam, assim como os embates por terra entre oposição e forças aliadas do governo. Um porta-voz do governo líbio pede às partes para que negociem. Em discurso na emissora do governo, Kadhafi pede aos líbios que ;se unam para batalha e que impeçam o inimigo de conquistar Trípoli;. A oposição cerca o quartel-general de Khadafi e o pressiona a deixar o poder. Rebeldes capturam Seif Al Islam, um dos fillhos de Khadafi, apontado como seu sucessor. Ele será enviado ao Tribunal Penal Internacional (TPI), no qual responderá por crimes contra a humanidade cometidos na Líbia.