Jerusalém - As facções palestinas de Gaza anunciaram neste domingo um acordo "informal" de trégua, enquanto os dirigentes israelenses se esforçavam para evitar uma crise diplomática com o Egito.
As principais facções palestinas da Faixa de Gaza chegaram a "um acordo informal para a instauração de uma trégua a partir desta noite com a condição de que Israel interrompa seus ataques", informou neste domingo à AFP um alto funcionário do Hamas, no poder nesse território palestino.
Segundo esta fonte, a trégua será anunciada oficialmente na segunda-feira. Mas a polícia (do Hamas) "recebeu neste domingo à noite a instrução de parar os disparos" em direção a Israel, ressaltou.
Este anúncio é feito ao término de intensos contatos, realizados com a intermediação do Egito com o objetivo de apaziguar a situação.
Durante estes contatos, o general da reserva Amir Eshel, ex-chefe do Departamento de Planejamento do Exército israelense, viajou ao Cairo com outras autoridades israelenses, informou à imprensa de Israel.
O alto funcionário do Hamas indicou que seu movimento exigiu à Jihad Islâmica que interrompa os ataques depois que esta organização radical reivindicou novos disparos de foguetes em direção à cidade israelense de Ashkelon na noite deste domingo.
Cerca de trinta foguetes e obuses de morteiro foram disparados neste domingo em direção a Israel, de acordo com o Exército israelense, que, por sua vez, efetuou pelo menos quatro ataques neste domingo a Gaza, com um registro de sete feridos, segundo os serviços sociais locais.
Em outra frente, os dirigentes do Estado hebreu tentam reduzir a tensão com o Egito desencadeada pela morte de cinco policiais egípcios no Sinai, que, segundo o Cairo, ocorreu devido a ataques de soldados israelenses na quinta-feira.
O presidente Shimon Peres disse que "lamenta" a morte desses policiais egípcios e classificou de "estratégico" o tratado de paz firmado por ambos os países em 1979.
Segundo um relatório da Força Multinacional de Paz, mobilizada no Sinai após o tratado de paz entre Israel e Egito de 1979, as forças israelenses violaram as regras vigentes na quinta-feira, após uma série de atentados pelos quais Jerusalém acusou um grupo radical palestino de Gaza, que teria entrado no Egito e efetuado disparos, causando supostamente a morte dos policiais egípcios, indicou no sábado a agência oficial egípcia Mena.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Yihal Palmor, se mostrou otimista em relação ao fim da crise "pelo interesse de ambas as partes".
Esta é a primeira crise diplomática entre os dois países vizinhos após a queda em fevereiro do regime de Hosni Mubarak, considerado um pilar do plano de paz assinado em 1979, o primeiro entre um país árabe e Israel.
Adotando um tom menos diplomático, o vice-primeiro-ministro Sylvan Shalom, considerado um falcão, lamentou o ataque à embaixada israelense no Cairo: "Não gostei do fato de manifestantes terem subido no telhado e que as bandeiras israelenses tenham sido queimadas", referindo-se à manifestação de mil egípcios no sábado à noite diante da embaixada israelense.
Um dos manifestantes retirou a bandeira que tremulava no alto do prédio e içou em seu lugar a do Egito.
O governo egípcio considerou insuficiente o pedido de desculpas feito por Israel depois da morte dos cinco policiais.
O chefe da diplomacia egípcia, Mohamed Amro, se disse neste domingo "indignado" com o comunicado emitido na véspera pelo Quarteto para o Oriente Médio que "ignorou a morte de policiais egípcios" e fez referência à situação no Sinai, "um assunto interno" egípcio.
Em um comunicado emitido no sábado pelo Quarteto para o Oriente Médio, formado por Estados Unidos, Rússia, União Europeia e ONU, o grupo advertiu para o "risco de uma escalada" da violência após vários dias de enfrentamentos entre Israel e os palestinos de Gaza e pediu "moderação" para ambos os lados.
Neste mesmo comunicado, o Quarteto pediu que "o governo egípcio encontre uma solução definitiva para a questão da segurança no Sinai".