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Protesto na embaixada da Líbia em Brasília termina em violência


Cerca de 30 representantes da comunidade líbia de São Paulo, Rio Grande do Norte, Goiás, Paraná, Distrito Federal e Rio Grande do Sul realizaram uma manifestação dentro da embaixada do país em Brasília na tarde desta sexta-feira (19/8). O protesto teve momentos de violência. O grupo era formado por homens, mulheres, crianças e bebês, entre eles, professores e profissionais liberais, que decidiram festejar o Ramadã, comemoração religiosa, dentro da representação diplomática, em acordo com alguns diplomatas contrários ao atual regime de Muammar Kadafi.

O embaixador Salem Ezudedi não aceitou o convite para participar do churrasco, que seria servido ao final do dia, e fez o pedido para que a bandeira dos rebeldes não fosse hasteada no lugar da oficial. Os manifestantes, que chegaram ao local por volta das 14h, como o Correio Braziliense presenciou, respeitaram a solicitação até as 16h. Porém, decidiram trocar a flâmula.

Vários deles alegaram que a Líbia pertence ao seu povo e não mais ao ditador e sua antiga bandeira. O empresario Mohamed Elzwei, que veio da capital paulista, falou que os líbios ainda têm pouca experiência com a democracia. "Muitos do nosso grupo temiam que a polícia pudesse invadir o lugar e nos matasse por orientação do embaixador. Mas aqui é o Brasil democrático e nós queremos que nosso país seja assim também", disse.

O conselheiro administrativo da representação Líbia, Husein Tantoush, explicou que "essa é uma manifestação pacífica contra um regime que vários de nós, diplomatas, rejeitamos". Do lado de fora, cerca de nove policias do Battalhão Rio Branco, comandados pelo tenente coronel Fialho, esperavam orientações do Itamaraty para agir. O oficial explicou que, de acordo com a Convenção de Viena, da qual o Brasil é signatário, o país tem que dar apoio ao chefe oficial da embaixada. "Explicamos aos manifestantes que eles não poderiam trocar as bandeiras, como foi solicitado pelo embaixador, e tampouco poderiam ficar aqui. Só que alguns diplomatas disseram que o próprio embaixador havia autorizado a permanência e a troca da bandeira. O Itamaraty definirá o que devemos fazer", explicou.

[SAIBAMAIS]Por volta das 17h, um carro com trê homens vestidos de preto, que se diziam funcionários do governo líbio, estacionou no local. Eles entraram com violência na embaixada. Houve socos e pontapés e até alguns feridos, entre eles, inclusive, crianças machucadas pelos supostos fiuncionários. A polícia interveio e os dois grupos fecharam um acordo: o trio teria que ir embora e os manifestantes, em troca, retirariam a bandeira insurgente. Após io incidente, por volta das 17h30, dois funcionarios do Itamaraty começaram uma reunição com os manifestantes. Até as 19h30 a conversa não havia terminado.