WASHINGTON - O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, disse nesta sexta-feira (19/8) que o Iraque aceitou manter uma parte das tropas norte-americanas no país depois da data limite de fim de 2011 fechada para a retirada, mas Bagdá insiste que o tema continua em negociação. Em uma entrevista a dois jornais americanos, Panetta assegurou que as autoridades iraquianas concordaram em prorrogar a presença das tropas norte-americanas. "Finalmente disseram ;sim;", declarou aos jornalistas Stars and Stripes e Military Times.
Líderes políticos iraquianos anunciaram em 3 de agosto que iniciariam conversas com os Estados Unidos sobre uma possível missão de treinamento depois de 2011, mas ainda devem dizer definitivamente se alguns militares americanos permanecerão no país.
Segundo os termos de um acordo de segurança assinado em 2008, os últimos 46 mil efetivos americanos que ainda estão no Iraque devem deixar o país até o fim deste ano, a menos que os dois países cheguem a um novo acordo.
Em Bagdá, o gabinete do primeiro-ministro iraquiano, Nuri al Maliki, rejeitou as afirmações de Panetta. "Nenhum acordo foi conseguido para manter assessores militares (...). As negociações continuam e não foram concluídas de forma definitiva", declarou à AFP Ali Mousawi, porta-voz de Maliki, depois das afirmações de Panetta. Tanto chefes militares americanos como iraquianos reconhecem que as forças do Iraque precisam de assistência externa para defender seu espaço aéreo, seus portos e suas fronteiras.
Nenhum dos dois países quantificou o número de soldados que eventualmente permaneceriam no país, argumentando que dependerá da missão que Bagdá lhes confiar. A imprensa americana especulou que podem se tratar de 10 mil efetivos. Enquanto continuam as negociações sobre o perfil da missão de treinamento, a planejada retirada das tropas de combate dos Estados Unidos no fim de 2011 segue adiante, disse Panetta.
A presença militar continua sendo um tema político delicado no Iraque, e o clérigo xiita anti-americano Moqtada al-Sadr advertiu que haverá uma "guerra" caso as tropas americanas continuem no país depois de 2011.
Altos funcionários de Washington veem a missão de treinamento como uma forma de ajudar o governo iraquiano a construir suas forças armadas, enquanto que sua presença poderá contribuir para reduzir as tensões internas.
A violência diminuiu desde o pico de 2006-2007 e os comandantes militares dos Estados Unidos afirmam que a tendência é um sinal de que as forças de segurança iraquianas são capazes de manter a paz.