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Prisões não acabarão com a onda de violência em Londres, diz conselheiro

Prisão para todos os envolvidos. Para o primeiro-ministro britânico, David Cameron, essa é a solução no combate a novas ondas de violência, como as que atingem o Reino Unido desde a semana passada. ;Essas manifestações são criminalidade pura;, determinou. Mas o novo conselheiro do premiê para a área de crimes, o ex-policial norte-americano
William Bratton, acredita que prender os rebeldes não será uma medida eficiente para mudar a situação caótica do país. ;A prisão certamente é apropriada para os mais violentos e incorrigíveis, mas muitos dos que protestam podem ser punidos de maneira diferente. Isso não é apenas uma questão política, mas social;, explicou Bratton, ex-chefe de polícia nas cidades de Nova York, Los Angeles e Boston.

O conselheiro norte-americano ressaltou, em entrevista à rede norte-americana ABC, que ;não se pode acreditar que detenções vão resolver o problema;. Para Bratton, há ;profundos problemas sociais; por trás das manifestações, ideia que é descartada por Cameron. O primeiro-ministro duvida haver um descontentamento com as políticas públicas britânicas. ;Não se trata de política, nem de um protesto, mas sim de roubos;, determinou.

No entanto, uma enquete publicada ontem no jornal The Independent revela exatamente a falta de confiança da população do Reino Unido no premiê. A pesquisa, feita pelo instituto ComRes, mostra que 54% dos ingleses consideram que ele não demonstrou liderança suficiente no começo da crise. Os resultados também destacam que mais de dois terços da população são contra os planos de Cameron de cortar o número de policiais nas ruas, como parte de redução de custos. Além disso, metade dos entrevistados tem menos confiança na capacidade de Londres sediar, com segurança, as Olimpíadas de 2012.

Pelo menos até ontem, devido aos distúrbios, o efetivo da polícia se mantinha alto na capital da Inglaterra. Em vez dos 2,5 mil agentes que geralmente patrulham as ruas, o número de oficiais a postos era de 16 mil. As manifestações, que já deixaram cinco mortos e causaram a prisão de mais 1,2 mil pessoas ; das quais 704 foram acusadas de atos de violência e saques ;, começaram na noite do último dia 6, em protesto contra a morte do taxista Mark Duggan, assassinado pela polícia no bairro de Tottenham. Os tribunais têm funcionado praticamente 24 horas para julgar acusados de destruir lojas e incendiar prédios, entre outros crimes.