Londres - Novos distúrbios foram registrados nesta terça-feira (9/8) pelo quarto dia consecutivo no Reino Unido, onde o primeiro-ministro David Cameron, que retornou a Londres, anunciou um grande reforço da polícia para reprimir as desordens, que causaram a morte de uma pessoa e deixaram 650 detidos.
Novos incidentes eclodiram no final da tarde desta terça-feira em Birmingham, segunda maior cidade do país, situada no centro da Inglaterra. Também em Manchester (noroeste), que até agora não tinha sido afetada pelos distúrbios, centenas de jovens lançaram pedras contra vários veículos policiais antes de serem dispersados, e várias lojas foram incendiadas.
"Algumas lojas foram atacadas por grupos de jovens que se uniram e parecem determinados a provocar desordens", explicou o chefe da polícia de Manchester, Terry Sweeney.
Em West Bromwich, cidade próxima a Birmingham, cerca de 200 pessoas, posicionadas atrás de barricadas, lançaram objetos contra as forças de segurança, incendiaram veículos e saquearam lojas, segundo a polícia e a BBC. Em Wolverhampton, nas imediações de Birmingham, algumas lojas também foram saqueadas, segundo a polícia. Birmingham foi palco de saques na segunda-feira à noite e até uma delegacia de polícia foi incendiada. Mais de 130 pessoas foram detidas por estes incidentes.
Depois do início dos distúrbios, no sábado à noite no norte de Londres, os vândalos tomaram a polícia como alvo e 111 agentes ficaram feridos desde então. A tensão em Londres é palpável: os comerciantes fecharam as portas de suas lojas à tarde, principalmente no bairro de Camden, onde a polícia realizava patrulhas para evitar novos distúrbios.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que encurtou suas férias, convocou o Parlamento e decidiu reforçar o efetivo policial em Londres, que passou de seis para 16 mil agentes, após três noites de violência e saques em várias cidades que já deixaram uma pessoa morta.
Um homem de 26 anos, baleado durante os incidentes registrados em Londres na noite de segunda, morreu devido à gravidade das lesões, informou a polícia. Após uma reunião de urgência em Downing Street, Cameron também anunciou uma sessão extraordinária no Parlamento na próxima quinta-feira.
"O presidente da Câmara dos Comuns está de acordo com que o Parlamento organize uma sessão para que possamos conversar a respeito da situação. Condenamos esta onda de crimes e estamos determinados a reconstruir essas comunidades", afirmou o primeiro-ministro britânico.
Cameron condenou as "terríveis cenas que a população viu nas ruas e na televisão, como saques, atos de vandalismo e roubos". O primeiro ministro garante ação, "Não há dúvidas de que faremos tudo que for necessário para restaurar a ordem nas ruas", garantiu Cameron, em um breve discurso aos jornalistas.
"Se eles são suficientemente adultos para cometerem esses crimes, também são para enfrentar o castigo", advertiu Cameron, se referindo aos autores dos atos de vandalismo. "Eles sentirão todo o peso da lei", acrescentou.
Os distúrbios tiveram início na noite de sábado em Tottenham, um bairro desfavorecido e multiétnico do norte de Londres, após uma manifestação que pedia por justiça na investigação da morte de Mark Duggan, um rapaz de 29 anos morto a tiros em circunstâncias não esclarecidas.650 pessoas foram detidas por seu suposto envolvimento em atos de vandalismo.
Segundo um relatório da comissão independente encarregada da investigação, divulgado nesta terça-feira, no momento, "não há provas" de que Duggan tenha atirado contra os agentes antes de ser morto.
Cameron foi nesta terça-feira à tarde para a região mais afetada pelos tumultos.
Os distúrbios, que sacodem a capital desde sábado passado, estenderam-se para outros bairros de Londres e para outras cidades, como Bristol (sudoeste), Liverpool (noroeste), Birmingham (centro) e Manchester (noroeste).
As forças de segurança, que tiveram a atuação criticada, se mostram impotentes ante aos violentos atos, os piores vividos pela capital nos últimos 20 anos.
"Não temos mais equipes para mandar ao local dos confrontos, apesar das férias dos agentes terem sido suspensas", reconheceu Paul Deller, um agente de Londres. "Os vândalos assumem o controle, a polícia abandona as ruas" intitulou o jornal The Times, com uma impressionante foto de uma mulher que se jogou de um edifício em chamas.
O governo britânico descartou até o momento que vá recorrer ao Exército para pôr fim aos distúrbios.