JERUSALÉM - O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu prometeu neste domingo um diálogo e mudanças, em resposta às manifestações de sábado que reuniram 300.000 pessoas nas principais cidades do país, um movimento social sem precedentes segundo a imprensa.
"Não podemos ignorar a magnitude do protesto social. Sabemos que é necessário fazer mudanças e teremos de fazê-las, demonstrando assim que somos responsáveis e sensíveis ao que se está pedindo", completou.
"Queremos iniciar um autêntico diálogo e escutar todos para que sejam propostas soluções, apesar de não podermos atender tudo o que se reivindica", declarou.
O primeiro-ministro formou uma "equipe especial" dirigida pelo famoso economista Manuel Trachtenberg, que contará com a participação de quase metade dos 29 membros do governo.
Analistas e representates da indústria, assim como da central sindical Histadrut se reunirão para elaborar as propostas.
No entanto, não está claro como os manifestantes reagirão ante a nova comissão, a segunda proposta por Netanyahu desde que o início da mobilização social.
Itzik Shmuli, dirigente da Associação de Estudantes que participa nas manifestações, reagiu com cautela à criação da comissão, mas considerou que Trachtenberg é "digno de confiança".
Quase 300.000 israelenses saíram às ruas no sábado em Tel Aviv e outras cidades de Israel para reclamar "justiça social".
As manifestações, as maiores na história de Israel por questões sociais, são consideradas um teste para a continuidade do movimento, que começou em meados de julho contra a alta desenfreada dos preços da moradia e que só fez ganhar força desde então.
O protesto representa um grande desafio para Netanyahu, afirma a imprensa israelense.
"Um novo país", "Israel está nas ruas", destaca na primeira página o Yediot Aharonot, principal jornal do país.
"Netanyahu e seus ministros não poderão ignorar este grito, porque expressa uma força que ameaça sua permanência no poder", afirma o colunista Nahoum Barnea.
"Me parece que esta é a maior manifestação de desconfiança já organizada nas ruas de Tel Aviv", escreveu Sima Kadmon, analista político da publicação.
"O povo levantou", afirma o jornal Maariv, que tem na primeira página uma foto das ruas lotadas.
"Nem esquerda, nem direita, nem centro, nem marginais. É o povo de Israel que está descontente com a vida aqui, com o sistema injusto que permite a uma minoria seguir na farra às custas das massas esmagadas", criticou Ben Caspit em um editorial.
O jornal de esquerda Haaretz também exibe na primeira página fotos das ruas de Tel Aviv lotadas.
Gideon Levy escreveu que um "regime que permanece impávido ante uma manifestação gigantesca está destinado a cair".