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Conselho de Segurança da ONU condena repressão na Síria

NAÇÕES UNIDAS - O Conselho de Segurança da ONU condenou nesta quarta-feira a repressão do governo sírio sobre os protestos e pediu que os envolvidos sejam "responsabilizados".

Um conselho presidencial concordou após semanas de negociações que o órgão composto por 15 nações "condena as amplas violações dos Direitos Humanos e o uso da força contra civis pelas autoridades sírias".

Contudo, o Líbano rejeitou o comunicado, dizendo que este "não ajudará" a acabar com a crise na Síria.

As potências europeias, apoiadas pelos Estados Unidos, fizeram uma campanha para um pronunciamento do Conselho de Segurança sobre a repressão aos protestos iniciados em meados de março. China e Rússia ameaçaram vetar qualquer resolução formal e o comunicado foi a primeira ação do conselho, apesar de a violência ter se agravado na Síria.

O comunicado não faz referências à investigação sobre direitos humanos que Inglaterra, França, Alemanha e Portugal pediram em suas versões anteriores do texto.

Mas afirma que os envolvidos na violência devem ser "responsabilizados".

"O Conselho de Segurança pede que as autoridades sírias respeitem totalmente os Direitos Humanos e cumpram com suas obrigações dentro das leis internacionais. Os envolvidos nos atos de violência devem ser responsabilizados", afirma o texto.

O Conselho também pede que as autoridades sírias "cooperem totalmente" com o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.

Paralelamente, os Estados Unidos endureceram seu discurso em relação a Bashar al-Assad, com o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, dizendo que Washington não tem nenhum interesse em ver o presidente sírio sobreviver apenas para preservar a "estabilidade" regional.

Enquanto a disputa diplomática chega a uma conclusão, os tanques sírios atacaram a cidade de Hama, afirmaram ativistas.

"Há cerca de 100 tanques e caminhões de tropas na estrada que leva à cidade central de Hama e cerca de 200 tanques nos arredores da cidade de Deir Ezzor", afirmou o chefe do Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado na Inglaterra, Rami Abdel Rahman.

Comunicação via telefone e internet foi cortada em Hama e nas áreas próximas, disse à AFP.

Abdel Raman também informou que oficiais locais em Deir Ezzor "receberam conselhos de fontes confiáveis para que os moradores saíssem o mais rápido possível da cidade, antes que ataques militares atingissem o local na sexta-feira".

Em Hama, tanques foram mobilizados em diversos distritos e bombardeios podiam ser ouvidos em muitos bairros, afirmou à AFP outro ativista.

O Comitê de Coordenação Local, que representa os manifestantes, disse que colunas de fumaça podiam ser vistas na cidade de 800.000 habitantes.

"As pessoas estão deixando a cidade e encaram as armas das forças de segurança e tropas armadas caso não atendam às ordens de retornar", informou um comunicado do comitê.

As descrições não puderam ser verificadas independententemente, porque repórteres estrangeiros não estão permitidos de viajar à Síria para acompanhar a insurreição.

O ataque a Hama, onde cerca de 20.000 pessoas foram mortas em 1982 quando o pai de Assad, Hafez, reprimiu uma revolta islâmica, gerou protestos de solidariedade por toda a Síria e condenação internacional.

Um líder religioso informou que de 800 a 1.000 pessoas protestaram após as orações na cidade de Latakia e foram dispersados pela polícia com cassetetes. Estima-se que 30 pessoas tenham sido presas.

O Conselho de Segurança da ONU tem discutido desde segunda-feira sobre como responder à crise, com as potências europeias e os Estados Unidos procudando uma dura condenação.

Rússia, China e outras nações inicialmente bloquearam qualquer ação, dizendo que isso poderia levar a uma intervenção militar estilo Líbia promovida pelo Ocidente.

De acordo com o Observatório Sírio, 1.629 civis e 374 membros das forças de segurança foram mortos desde que os protestos pró-democracia iniciaram na Síria em 15 de março.

No front doméstico, a agência oficial SANA afirmou que o Parlamento se reuniria em uma sessão extraordinária no domingo para discutir "questões relativas à nação e seus civis", sem dar mais detalhes.