Buenos Aires ; A partir desta segunda-feira (25/7), 2,8 mil emissoras de rádio e TV exibirão propaganda gratuita dos oito candidatos à Presidência da Argentina, nas eleições de 23 de outubro. A campanha foi antecipada porque este ano, pela primeira vez, os eleitores argentinos foram convocados para votar em primárias abertas, simultâneas e obrigatórias. No dia 14 de agosto, eles vão às urnas para escolher os nomes daqueles que disputarão o pleito.
A ideia é tornar a votação mais democrática. Os eleitores participam do processo eleitoral desde o início, quando cada coalizão ou partido político escolhe seu candidato. Pelo novo sistema, todos os eleitores são obrigados a votar em um mesmo dia em um postulante a candidato ; não importa de qual legenda. Ou seja, um afiliado da Frente pela Vitória (da presidenta Cristina Kirchner) poderá votar no postulante a candidato de sua agremiação ou da Frente Popular (do ex-presidente Eduardo Duhalde).
;O problema é que todas as coalizões apresentaram um só candidato a presidente, indicado sem votação;, disse à Agencia Brasil o analista político Enrique Zuleta Puceiro, da consultoria Opinião Pública, Serviços e Mercados. ;E cada candidato a presidente escolheu seu vice a dedo. Logo, no dia 14 de agosto, os eleitores argentinos não terão muito o que escolher. É um absurdo;.
Segundo Puceiro, as primárias abertas, simultâneas e obrigatórias foram apoiadas pelos caciques dos dois grandes partidos da Argentina. Historicamente, eles se revezam no poder, mas se dividiram em 2001 com a crise econômica: o Partido Justicialista (PJ) e a União Cívica Radical (UCR). ;Pensavam que dessa forma poderiam unificar todas as facções sob uma mesma liderança, mas não foi assim.;
O resultado é que Cristina Kirchner e Eduardo Duhalde ; ambos originalmente do PJ ; se apresentarão aos eleitores em diferentes coalizões. Segundo o analista político Rosendo Fraga, do Centro de Estudos Nova Maioria, ;as primárias se transformaram em uma espécie de grande pesquisa de opinião pública;. Os eleitores não escolherão os candidatos de cada partido, mas podem manifestar suas preferências. Se mais eleitores participarem da primária de uma determinada legenda, ela poderá vir a ser a favorita.
;Mas nada disso é certo;, disse Zuleta Puceiro. ;Ninguém sabe se o eleitor que votar no postulante a candidato de um partido vai votar nele para presidente.;