Jerusalém - A Marinha israelense interceptou nesta terça-feira (19/7) o barco francês "Dignité Al Karama", o único da flotilha internacional de dez navios que pretendiam romper o bloqueio israelense para a faixa de Gaza que conseguiu zarpar, anunciou uma porta-voz militar. A embarcação, uma lancha de 19 metros de comprimento, foi abordada ao meio-dia, depois de ter sido cercada durante horas por vários navios de guerra de Israel.
A bordo do "Dignité-Al Karama" viajavam 16 pessoas de nacionalidades francesa, canadense, sueca e grega, além da famosa jornalista israelense do diário Haaretz Amira Hass e uma equipe da televisão Al Jazeera. "O ;Dignité-Al Karama;, único barco restante da flotilha da Liberdade II, foi capturado ilegalmente nesta manhã em águas internacionais do Mediterrâneo, não muito longe de Gaza", afirmaram os organizadores da flotilha em um comunicado, denunciando uma "evidente violação da liberdade de navegação em alto-mar".
"Mais uma vez, o governo israelense responde com uma demonstração de força desproporcional e inaceitável frente a uma iniciativa de solidariedade e cidadania obviamente não violenta", denunciaram, expressando "as grandes preocupações sobre o destino dos tripulantes".
O barco foi cercado por pelo menos três navios israelenses e desde as 7h06 (4h06 em Brasília) todas as comunicações estão interrompidas e não foi possível entrar em contato com os militantes a bordo, nem por telefone, nem pela internet, segundo declarações do porta-voz da flotilha, Julien Rivoire, de Paris por telefone à AFP. Segundo a versão das forças armadas israelenses, "depois de esgotados todos os meios diplomáticos e vários pedidos ignorados, os marinheiros israelenses abordaram o Karama para impedir que ele rompesse o bloqueio marítimo de segurança em torno da faixa de Gaza".
"Depois da negativa (dos militantes) de mudarem o rumo para o porto de Ashdod (sul de Israel), foi inevitável abordarmos o navio e levá-los a Ashdod", explicaram os militares numa versão que afirma não ter ocorrido violência. Ainda segundo Israel, na chegada ao porto, antes dos militantes serem interrogados, foram oferecidas comidas e bebidas aos 16 tripulantes do barco francês.
Em Gaza, território controlado pelo Hamas, as autoridades "condenaram o ato de pirataria contra o navio Karama e pediram à comunidade internacional a optar pelos direitos humanos e pela lei que julga a pirataria". O "Dignité-Al Karama", interceptado no dia 7 de julho pela guarda costeira da Grécia, zarpou no domingo da ilha grega de Kastelorizo afirmando que iria se dirigir ao porto egípcio de Alexandria, antes de retomar seu destino inicial quando estava em alto-mar. Os outros nove barcos que compõem a flotilha, com 300 militantes de 22 países a bordo, estão bloqueados na Grécia desde o fim de junho.
O governo de Atenas, que enfrenta uma grave crise financeira, explicou a proibição com a justificativa da " segurança dos militantes", depois que a Marinha israelense matou nove pessoas de uma flotilha que tentou levar ajuda à Gaza, no dia 31 de maio de 2010. Israel bloqueia Gaza desde que um de seus soldados foi feito prisioneiro por combatentes palestinos em junho de 2006, e apertou ainda mais a ação depois que o Hamas assumiu o controle do território, um ano depois.