MUMBAI - Três explosões simultâneas mataram 20 pessoas e feriram dezenas em Mumbai nesta quarta-feira (13/7), no ataque mais violento à capital financeira da Índa desde o traumático atentado de 2008 promovido por militantes islâmicos.
As bombas explodiram em distritos movimentados no sul da cidade, a mesma área que foi alvo há dois anos e meio de atiradores que causaram desordem e derramamento de sangue, em um mega-ataque que durou cerca de 60 horas e deixou 166 mortes. "É outro ataque no coração da Índia, outro ataque contra Mumbai", declarou o líder do governo estadual, Prithviraj Chavan, que insinuou um possível envolvimento externo, dizendo que se trata de um "desafio para a soberania indiana".
O ministro do Interior, P. Chidambaram, afirmou que ao menos 20 pessoas morreram e 113 ficaram feridas, muitas delas com gravidade. Chidambaram disse a jornalistas em Nova Déli que foi um "ataque coordenado por terroristas", acrescentando que "toda a cidade de Mumbai foi colocada em alerta máximo".
Os alvos incluíram uma área de classe média predominantemente residencial, um mercado de venda de ouro no atacado e um prédio com várias joalherias e lojas de venda de diamantes. As três explosões ocorreram em um período de 15 minutos, começando por volta das 18h50 locais (10h20 de Brasília). "Está claro que os atiradores queriam ferir o maior número de pessoas possível. Muitas pessoas ficaram feridas", disse o ministro do estado de Maharashtra, Chhagan Bhujbal, a jornalistas.
Nenhum grupo reivindicou o ataque, apesar de as suspeitas inicialmente recaírem sobre dois grupos islâmicos que já atacaram a Índia no passado: os mujahedin indianos e o grupo sediado no Paquistão Lashkar-e-Taiba (LeT).
EUA condenam ataques
O presidente americano, Barack Obama, foi um dos primeiros a condenar os ataques. "Condeno energicamente os ultrajantes ataques em Mumbai", afirmou Obama, segundo seu porta-voz, Jay Carney. Obama disse ainda que o governo americano está monitorando a situação na Índia, incluindo a segurança dos cidadãos americanos nesse país.
Em novembro de 2008, 10 militantes do LeT atacaram diversos alvos em Mumbai, incluindo hotéis cinco estrelas, em um ataque conhecido como "26/11" na Índia e frequentemente comparado aos atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos.
A Índia interrompeu os diálogos de paz com Islamabad posteriormente, culpando o Paquistão por falhar em combater o grupo terrorista. As conversas entre os dois rivais dotados de armas nucleares foram retomadas apenas no início deste ano.
Testemunhas do lado de fora do prédio de joalherias no sul de Mumbai disseram que um carro-bomba explodiu quando a área estava cheia de funcionários de escritórios da região que voltavam para casa. "Muitas pessoas ficaram gravemente feridas. Não sabemos quantas morreram, mas foi uma forte explosão", disse à AFP Nimesh Mehta, 38, que dirige uma lanchonete.
Jayesh Labdhi, membro da Associação de Vendedores de Diamantes de Mumbai, disse ter ouvido uma forte explosão, depois da qual o local ficou coberto de fumaça. "Havia muitas pessoas deitadas no chão chorando e pedindo ajuda", completou. Muitos dos feridos foram levados aos hospitais locais, acrescentou.
O último ataque a bombas na Índia ocorreu em fevereiro do ano passado na cidade de Pune, oeste do país, quando uma explosão em um restaurante matou 16 pessoas, incluindo diversos estrangeiros. Em 2006, uma série de sete explosões nos trens suburbanos de Mumbaim mataram 187 pessoas e deixou 800 feridos - em um ataque pelo qual a Índia também culpou militantes islâmicos sediados no Paquistão.