Londres - O caso das escutas telefônicas ilegais do tablóide britânico News of the World provocou um escândalo nacional nesta quarta-feira (6/7) ao revelar que algumas famílias de vítimas dos atentados de 7 de julho de 2005 em Londres podem ter tido os telefones grampeados.
O parlamento britânico convocou uma sessão de urgência para debater se deve haver uma investigação pública independente sobre as práticas da imprensa sensacionalista em geral e principalmente do jornal de propriedade do conglomerado do magnata Rupert Murdoch, News Corp., depois que o caso, que inicialmente afetava pessoas públicas, tomou um rumo mais assustador.
O primeiro-ministro David Cameron apoiou a necessidade de haver um ou vários inquéritos sobre revelações "absolutamente repugnantes", mas descartou que isso possa encerrar a segunda investigação policial aberta no início do ano com a chamada Operação Weeting. "Precisamos de uma investigação sobre o que tem acontecido", declarou durante um debate com o líder da oposição, Ed Miliband, na sessão semanal de perguntas ao primeiro-ministro no parlamento.
A informação sobre as supostas escutas de parentes de vítimas dos atentados no metrô de Londres só foi feita depois que o News of the World, propriedade de Rupert Murdoch, foi acusado de ter grampeado o correio de voz de uma adolescente desaparecida em 2002, Milly Dowler, e que depois foi achada morta.
Graham Foulkes, pai de um jovem de 22 anos morto na explosão da estação de Edgware Road, confirmou à rádio BBC que a policía o contactou para informar que o seu telefone pode ter sido grampeado. "Minha esposa e eu falávamos ao telefone com amigos num contexto muito pessoal e profundamente emocional, e a ideia de que alguém possa estar escutando só para procurar uma manchete é horrível", declarou relembrando os dias depois da tragédia.
O News of the World é alvo de críticas desde 2006, quando começou uma investigação sobre as escutas ilegais de dezenas de personalidades britânicas. Apenas um jornalista especializado em temas da realeza, Clive Goodman, e um detetive do jornal, Glenn Mulcaire, foram presos por grampear celulares para obter informações exclusivas.