Cairo - Manifestantes e policiais se enfrentaram na noite desta terça-feira no centro do Cairo, em um violento confronto que deixou vários feridos, constatou um fotógrafo da AFP. A polícia de choque usou bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes reunidos na Praça Tahrir, epicentro das manifestações que derrubaram o regime do então presidente Hosni Moubarak, no início do ano.
A forças da ordem fecharam a região e as autoridades cortaram a eletricidade da praça. Um repórter da TV egípcia Al Hayat descreveu o confronto como "guerra de rua entre policiais e manifestantes".
Segundo um oficial das forças de segurança, a violência teve início ao anoitecer, quando um grupo de homens invadiu um prédio onde ocorria uma cerimônia em memória das vítimas do movimento que derrubou Mubarak. O confronto se deslocou para as imediações da TV estatal, no centro do Cairo, e de lá para a Praça Tahrir.
Militantes pró-democracia acusaram a polícia de atacar familiares das vítimas da revolta contra Mubarak que desejavam participar da cerimônia. "Proibiram a entrada do pessoal e aí começou o confronto entre as famílias e os guardas. Chegou a polícia (de choque) e começou a bater nos familiares dos mártires", revelou em seu blog o militante Arabawy. Testemunhas afirmaram à AFP que ônibus repletos de jovens armados com paus e facas chegaram ao local para semear o caos.
A TV estatal do Egito exibiu imagens de manifestantes gritando "o povo quer a saída do marechal", em referência ao marechal Hussein Tantaui, chefe do Conselho Supremo das Forças Armadas, que dirige o país desde a queda de Mubarak. Outras fontes afirmam que o incidente tem ligação com a decisão de um tribunal, anunciada horas antes, de dissolver os conselhos municipais eleitos durante o regime de Mubarak e dominados pelos partidários do ex-presidente. "Não creio que o momento escolhido para o confronto seja uma coincidência", declarou uma testemunha ao canal ON-TV.
O movimento pró-democracia convocou manifestações para o próximo dia 8 de julho, visando manter a pressão a favor de reformas políticas no Egito.