No 100; dia do conflito na Líbia, os moradores de Benghazi ; bastião do opositor Conselho Nacional de Transição (CNT) ; saíram ontem às ruas, dessa vez para gritar de alegria. Homens agitavam as bandeiras da monarquia, mulheres se abraçavam entre lágrimas, insurgentes desfilavam com as armas em punho e crianças celebravam a promessa de um futuro de liberdade. A decisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) de expedir um mandado de prisão contra Muamar Kadafi despertou otimismo entre os adversários do ditador e polêmica entre os especialistas e a comunidade internacional.
;Há motivos razoáveis para se acreditar que (;) uma política de Estado foi desenhada no mais alto nível da máquina estatal da Líbia, destinada a dissuadir e sufocar, por quaisquer meios, inclusive pelo uso de força letal, as demonstrações de civis contra o regime de Kadafi;, escreveram os juízes Sanji Mmasenono Monageng, Sylvia Steiner e Cuno Tarfusser na ordem de prisão de código ICC-01/11-13. Em documentos semelhantes, o TPI determinou a captura de Saif Al-Islam, filho de Kadafi, e de Abdullah Al-Senussi, o chefe dos serviços de inteligência da Líbia.
Os três responderão por ;crimes contra a humanidade;, incluindo assassinatos e perseguições, cometidos entre 15 de fevereiro e pelo menos 28 de fevereiro, ;por meio do aparato do Estado e das forças de segurança;. O regime líbio menosprezou as ordens de prisão e denunciou uma manobra política. ;A Líbia não aceita as decisões do TPI, que é uma ferramenta do Ocidente para perseguir líderes do Terceiro Mundo;, declarou Mohammed Al-Qamoodi, ministro da Justiça. ;Muamar Kadafi é o símbolo histórico da Líbia e está acima de todas as ações políticas e jogos táticos;, avisou, por sua vez, Moussa Ibrahim, porta-voz do governo. Ele garantiu que Kadafi está com o ;espírito elevado; e se mantém no controle diário do país. ;Kadafi está aqui; Ele está liderando o país, e não sairá;, disse.
A oposição acredita que o regime está com os dias contatos. Por telefone, o líbio Guma El-Gamaty, coordenador do CNT no Reino Unido, afirmou que Kadafi não tem escolha a não ser abandonar o poder (leia o depoimento) e desmentiu um acordo que permita ao ditador permanecer no país. ;Se ele ficar por aqui, estará sujeito à prisão e ao julgamento. Ninguém pode garantir a segurança dele;, alertou. Em nota, Mustafa Abdel Jibil, líder do CNT, prometeu que levará o rival Muamar Kadafi à Justiça. ;Se alguém o está escondendo, vamos procurá-lo e trazê-lo à Justiça.;
Ouça a entrevista com o opositor líbio Guna El-Gamaty (em Inglês)