Juliaca - A calma retornou neste domingo a Juliaca, no sudeste do Peru, onde na sexta-feira morreram cinco civis baleados por policiais, em meio a uma onda de protestos contra a mineração na região. Segundo fontes locais, as centenas de manifestantes voltaram para suas regiões de origem, Azáncaro, em Puno, fronteira com a Bolívia.
Segundo as fontes, o comércio já reabriu as portas, as pessoas estão caminhando pelas ruas e os veículos circulam sem restrições, enquanto um contingente policial e militar vigia o aeroporto Inca Manco Cápac, que continua fechado desde que os manifestantes tentaram tomá-lo.
Para o presidente do Peru, Alan García, os protestos foram insulflados por pessoas com interesses polícos, que querem uma fatia do poder do esquerdista recém-eleito, Ollanta Humala.
No sábado, centenas de manifestantes tomaram a praça principal de Juliaca e realizaram atos de vandalismo tanto na praça quanto no aeroporto da cidade, que incluíram o roubo de luzes que guiam a aterrissagem dos aviões na pista.
No mesmo dia, o governo tentou conter os protestos ao revocar a concessão da mineradora canadense Bear Creek e ao proibir toda atividade mineira informal em Puno, como era solicitado pelos manifestantes, mas os levantes só terminaram neste domingo.
A sensação nos meios empresariais é de que as medidas não são um bom sinal para o mercado e foram tomadas por um governo encurralado que deseja a mudança rápida do poder, prevista para o dia 28 de julho.
"Essa medida é um péssimo sinal para os investidores", disse Alfonso García Miró, presidente da Sociedade de Comércio Exterior do Peru (Comex).
"Os revoltosos conseguiram o que queriam: mortos e feridos", disse o sociólogo e ex-ministro do Interior, Fernando Rospigliosi. "O governo não deve ceder", completou.
A canadense Bear Creek previa investir 71 milhões de dólares para produzir cinco milhões de onças de prata nos próximos anos na mina de Santa Ana.
Os manifestantes alegam a contaminação dos rios e águas que servem para semear terras no sul do Peru. O país é o segundo maior produtor mundial de prata e cobre, além de ser o sexto produtor de ouro.