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Presidente do Afeganistão descarta pedir retorno de militares americanos

Washington - O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, descartou neste domingo que possa pedir aos Estados Unidos que envie novas tropas ao país se a situação piorar após a retirada dos militares, anunciada pelo Governo de Barack Obama.

"Não farei isso", disse Karzai ao ser perguntado por um jornalista da Rede CNN se pediria para que Obama revertesse a saída das tropas caso o Exército afegão não conseguisse manter a segurança no país.

"É responsabilidade do povo afegão proteger seu próprio país e garantir segurança a seus habitantes", justificou.

O presidente Obama anunciou na quarta-feira o retorno até 2012 de um terço das forças norte-americanas em operação no Afeganistão. Cerca de 33 mil militares estão envolvidos na retirada, uma decisão justificada pelo recuo dos terroristas da rede Al-Qaeda.

Os principais assessores de Obama, incluindo o comandante das tropas no Afeganistão, o general David Petraeus, alertam que uma retirada apressada das tropas poderia colocar em perigo os frágeis avanços alcançados ante os talibãs.

Em suas declarações à CNN, Karzai felicitou o anúncio de Obama e se negou a comentar os números da retirada. "Não temos opinião sobre isso", disse.

O número de soldados a serem retirados anunciado por Obama - para este ano e para o próximo - está em sintonia com o fato de que o Afeganistão está fazendo sua segurança por suas próprias mãos e está tentado defender seu território por seus próprios meios. Por isso estamos felizes com o anúncio", disse Karzai.

Autoridades norte-americanas e afegãs mantiveram conversas preliminares com representantes talibãs em busca de um eventual acordo político para por fim à guerra.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, afirmou, no entanto, que não esperava grandes avanços nos entendimentos a curto prazo.

Karzai disse que se a maioria dos talibãs aceitarem avanços democráticos na Constituição afegã, incluindo os direitos das mulheres, que eles seriam autorizados a "voltarem a seus lares com dignidade".

"O povo afegão precisa de paz, ele quer a paz. Quer que seus filhos possam ir à escola. As mães não querem ficar preocupadas quando seus filhos saem para a escola e os maridos para trabalhar, ou quando as mulheres vão para o trabalho", afirmou.

Os Estados Unidos invadiram o Afeganistão no final de 2001, após os ataques de 11 de setembro.