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FAO inicia votação de novo diretor com brasileiro e espanhol como favoritos

Roma - A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), especializada no combate à fome, elege neste domingo em Roma seu novo diretor geral, cargo que tem como favoritos a ocupá-lo o brasileiro José Graziano da Silva e o espanhol Miguel Ángel Moratinos.

O político espanhol e o brasileiro, ex-coordenador do "Fome Zero", estão entre os grandes favoritos para suceder o senegalês Jacques Diouf, que ocupa o cargo de diretor geral da FAO há 17 anos.

O futuro diretor geral terá que enfrentar um dos maiores desafios da Humanidade em sua tentativa de aumentar a produção de alimentos sem degradar o meio ambiente, com o objetivo de alimentar 9 bilhões de pessoas até 2050.

No total, seis candidatos -os outros são Franz Fischler (Áustria), Indroyono Soesilo (Indonésia), Mohammad Saeid Noori Naeini (Irã), Abdul Latif Rashid (Iraque)- apresentaram em abril, na sede central da entidade, seus programas de trabalho aos ministros e representantes dos 191 países membros. "Precisamos de uma FAO forte e efetiva", disse Graziano, assegurando que durante os 42 meses de sua eventual gestão concluirá a reforma da instituição, que ele conhece a fundo por ter sido representante regional desde 2006 e vice-diretor geral.

Durante sua permanência na FAO, Graziano conseguiu também que os países de América Latina e Caribe fossem os primeiros em nível mundial a assumir o compromisso de erradicar a fome antes de 2025. No entanto, no último mês, o candidato brasileiro, que conta com o apoio de boa parte dos países latino-americanos, perdeu o do México, que dará seu voto a Moratinos. "Neste momento, a FAO deve se tornar um instrumento político e Moratinos tem o perfil para isso", explicou à AFP o embaixador mexicano na entidade das Nações Unidas, Jorge Chen.

Moratinos prometeu "reduzir em 50% até 2015 o número de pessoas com fome no mundo", que, segundo a FAO, chega a 925 milhões de desnutridos.

Enquanto o candidato espanhol é um político experiente, que conduziu uma verdadeira campanha eleitoral realizando uma turnê mundial, o brasileiro é um técnico, com uma notável formação acadêmica. "Meu compromisso é erradicar a fome no mundo e garantir a segurança alimentar agora e para todos", disse Moratinos. "A FAO tem muito o que fazer para melhorar sua eficácia e se livrar da burocracia", anunciou Graziano, que prometeu "descentralizar" a organização. "Houve um longo período de negligência com a agricultura, a pesca, as florestas e em desenvolvimento rural e segurança alimentar. A crise atual da economia e dos alimentos nos despertou", admitiu.

A eleição do novo diretor geral, que permanecerá no cargo até 2015, será realizada durante a 37; Sessão da Conferência da FAO, que começará no dia 25 de junho e será concluída em 2 de julho.

Para vencer esta eleição com voto secreto, é necessário ter o apoio de cerca de 90 países. Até que o candidato obtenha a maioria necessária, vão sendo eliminados os aspirantes que obtiverem o menor número de votos. Nesse processo, os 52 países africanos têm um peso decisivo. As votações começaram às 11h (06h de Brasília) e calcula-se que cada uma vá durar uma hora e meia.