DUBAI - Um tribunal do Bahrein condenou, esta quarta-feira, à prisão perpétua por "conspiração" oito opositores que participaram da recente onda de protestos liderados pela comunidade xiita desta monarquia do Golfo. O tribunal condenou, ainda, outros 13 opositores a penas de dois a quinze anos de prisão.
Os 21 acusados, sete deles foragidos, foram declarados culpados de ter "formado e dirigido um grupo terrorista com o objetivo de mudar a Constituição e o regime monárquico". Um dos raros acusados sunitas, Ibrahim Sherif, do movimento de esquerda laica Waed, foi sentenciado a cinco anos de prisão.
A maioria da população bareinita é xiita, mas a monarquia é sunita. Xiismo e sunismo são dois braços do Islã. Entre os oito condenados à prisão perpétua estão Hassan Mashaimah, líder do movimento opositor xiita Haq, e Abdelwahab Hussein, líder do Movimento Islâmico Xiita Wafa, assim como o defensor dos direitos xiitas Abdulhadi al Jawaya, que também tem nacionalidade dinamarquesa.
Os oito fazem parte da oposição radical que, durante as manifestações de meados de fevereiro a meados de março, pediram abertamente a deposição da dinastia dos Al Jalifa e instaurar uma república.
O movimento Wefaq, principal força da oposição xiita, tinha se limitado a reivindicar uma monarquia constitucional, na qual a chefia de governo fosse ocupada pelo líder da maioria parlamentar.
O Wefaq aceitou participar do diálogo previsto para o começo de julho para reativar o processo de reformas que já permitiu criar o Parlamento do Bahrein, em 2001. Mas para protestar contra a repressão dos protestos, o Wefaq retirou seus 18 deputados desta assembleia, que tem um total de 40 cadeiras. Segundo as autoridades, 24 pessoas morreram nos protestos de fevereiro e março. Quatro manifestantes também morreram na prisão. Todos os sentenciados esta quarta-feira poderão apelar da decisão, destacou a Justiça.
Uma fonte da oposição declarou que várias manifestações de protesto explodiram nas aldeias xiitas antes da leitura das sentenças.
A Justiça do Bahrein julga há semanas vários ativistas e outras personalidades por sua participação na contestação. Também são julgados jornalistas pela difusão de notícias qualificadas de falsas, bem como médicos e enfermeiras por seu apoio ativo aos manifestantes.
Os Estados Unidos, cuja V Frota está baseada no Bahrein, se declarou "preocupado com a severidade" das penas proferidas.