WASHINGTON - O Federal Reserve (Fed) americano decidiu manter uma posição de cautela nesta quarta-feira (22/6), com sua política monetária inalterada diante de um crescimento econômico que avança a um ritmo "mais lento" que o esperado.
O Fed indicou que "a reativação econômica continua a um ritmo moderado, embora levemente mais lento do que o que o Comitê previa. Além disso, os indicadores recentes no mercado de trabalho estão mais fracos que o previsto". O índice de desemprego subiu para 9,1% em maio.
"O ritmo mais lento da reativação reflete em parte fatores que serão provavelmente temporários, principalmente o efeito negativo do aumento dos preços dos alimentos e das matérias primas sobre o poder de compra e os gastos dos consumidores, assim como as perturbações da rede de abastecimento associados aos trágicos eventos no Japão", devido ao terremoto de 11 de março, ressalta o Fed. Este ponto de vista justificou a manutenção da política monetária.
Por unanimidade, o FOMC decidiu manter a taxa básica em uma faixa de 0% a 0,25%, como tem sido feito desde dezembro de 2008. Trata-se da 22; reunião consecutiva ao término da qual o FOMC anuncia que a mesma permanecerá a este nível "durante um longo período". Também não houve mudanças em relação à utilização de outros instrumentos de estímulo ao crédito e à atividade econômica.
Como se esperava, o Fed manteve a expiração no dia 30 de junho de seu programa de recompra de 600 bilhões de dólares em títulos da dívida do Tesouro, lançado em novembro.
Quando os bônus que possui chegarem a seu prazo de validade, o Fed manterá sua política de reinvestir o capital principal, como modo de manter constante o nível de liquidez injetada no sistema financeiro americano.
Cada vez mais intervencionista no sistema financeiro e em função da crise econômica, o Fed hoje administra uma enorme carteira de mais de 2,6 trilhões de dólares em títulos financeiros.
O uso desses fundos é alvo de debates obscuros para a opinião pública, mas cruciais para os operadores do mercado financeiro. Nada a respeito disso é revelado no comunicado do banco central.
A avaliação que faz da evolução dos preços é praticamente a mesma da última reunião, do final de abril: "a inflação foi reativada recentemente", mas "as expectativas de inflação de mais longo prazo se mantêm estáveis".
O conteúdo do comunicado -em grande parte antecipado- provocou poucas reações nos mercados. Tanto o dólar como Wall Street mantiveram-se estáveis logo depois dos anúncios. Por volta das 14h (15h de Brasília) deverão ser anunciadas as previsões econômicas trimestrais do Fed, que convidou os jornalistas para uma entrevista coletiva à imprensa de seu presidente Ben Bernanke às 14h15 (15h15).
Bernanke deve dar uma ideia mais precisa da avaliação da conjuntura por parte do Fed e dos passos a serem dados a curto e médio prazos.