Áden - Mais de 60 militantes da Al-Qaeda fugiram de uma prisão na cidade de Mukalla, sul do Iêmen, depois de matarem um guarda e ferir dois, em um novo desafio às forças de segurança de um regime enfraquecido e dividido.
Segundo as forças de segurança, 62 detentos escaparam por um túnel cavado sob a prisão de Mukalla, principal cidade portuária da província de Hadramut (sudeste).
Os presos se apoderaram de armas e abriram fogo contra os guardiões, matando um e ferindo dois. Depois se dispersaram pelas montanhas próximas, indicaram as fontes. "Homens da Al-Qaeda atacaram com armas automáticas a prisão central de Mukalla, onde estavam mais de 100 membros da rede", afirmou à AFP uma fonte do governo local que pediu para não ser identificada.
Os militares lançaram uma rápida operação, mas conseguiram capturar apenas dois fugitivos, em uma área semi-desértica onde os islamitas exercem forte influência. Entre os 62 fugitivos de Mukala havia vários condenados à morte por participação em ataques armados, indicou uma fonte dos serviços de segurança em Sanaa.
A Al-Qaeda estendeu recentemente a sua influência ao sul do Iêmen, onde a cidade de Zinjibar foi tomada por centenas de combatentes islamitas no dia 29 de maio. Desde então, dezenas de membros das forças de segurança e outras dezenas de insurgentes perderam a vida em confrontos.
Generais dissidentes acusaram o presidente Ali Abdullah Saleh de ter deixado a cidade nas mãos de "grupos terroristas armados" para "agitar o espantalho da Al-Qaeda" e poder, dessa forma, continuar recebendo apoio internacional.
Saleh, no poder há 33 anos, enfrenta uma onda de protestos que começou em janeiro, e está internado desde 4 de junho na Arábia Saudita devido aos ferimentos que sofreu em um ataque contra o seu palácio em Sanaa. Desde então, ele não aparece em público, o que alimentou boatos sobre seu estado de saúde.
Em Mukalla, o porta-voz das associações da sociedade civil, Naser Bakazkuz, acusou as autoridades de terem facilitado a fuga. "O regime está vivendo suas últimas horas, e quer semear o caos na província", declarou. Uma fonte dos militares dissidentes do leste do país se mostrou surpreso com "a facilidade com que ocorreu a fuga". "Isso é o que nos leva a acusar o que resta do regime Saleh de querer semear o caos", acrescentou.