O crime organizado voltou a estarrecer os mexicanos na manhã de ontem, quando pistoleiros executaram, na própria residência da família, o jornalista Miguél Ángel López, de 55 anos, sua mulher, Agustina Solano, e o filho Misael, de 21 anos. Os três dormiam e foram fuzilados com uma arma de calibre .9mm, a apenas duas quadras da sede da Polícia Intermunicipal de Veracruz. Os investigadores encontraram a porta da frente da casa arrombada, provavelmente por volta das 5h30. Nenhum suspeito foi mencionado inicialmente, mas as pistas apontam para o crime organizado, já que Veracruz é território em disputa entre dois cartéis do narcotráfico.
López, conhecido também como Milovela, era repórter e colunista de um jornal de grande circulação na cidade, o Notiver, e denunciava com frequência as tropelias cometidas pelas gangues, não apenas na região de Veracruz, mas em todo o país. Misael, o filho, também trabalhava no Notiver, como fotógrafo. Nos últimos 30 dias, quatro jornalistas mexicanos tiveram o mesmo fim da família López.
O governador de Veracruz, Javier Duarte, instruiu o procurador de Justiça do estado a investigar o crime ;até as últimas consequências;. Duarte admitiu que o assassinato da família López não é um caso isolado, mas parte da guerra que sangra o México. Em Veracruz, a violência é fruto do conflito entre a organização criminosa Los Zetas ; formada por desertores de uma unidade de elite das forças de segurança ; e seus aliados do Cartel do Golfo. A disputa entre quadrilhas pelo controle do tráfico se acentuou em resposta à política do presidente Felipe Calderón, que desde 2006 colocou as Forças Armadas no combate ao crime.
Nesses mais de quatro anos, o México bateu sucessivos recordes anuais de homicídios e acumula mais de 30 mil vítimas da guerra ao narcotráfico. Segundo o jornal Reforma, mais de 10 mil pessoas foram mortas apenas em 2010. A violência tem atingido cada vez mais os profissionais de imprensa.