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Kirchner considera medíocre frase de Cameron sobre as Malvinas

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que "enquanto as ilhas Falklands quiserem ser território soberano britânico devem continuar a sê-lo. Ponto. Final da história"

BUENOS AIRES - A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, considerou, nesta quinta-feira (16/6), "gesto de mediocridade e quase de estupidez" as palavras do primeiro-ministro britânico, David Cameron, de que a soberania exercida nas Malvinas pela Grã-Bretanha é o ponto final de toda a discussão. "A chancelaria (argentina) definiu a atitude como um gesto de arrogância, mas eu vou mais longe e a classifico de uma reação medíocre e quase de estupidez", disse a presidente durante uma solenidade em Misiones (nordeste).

Cameron disse na quarta-feira, na Câmara dos Comuns, que "enquanto as ilhas Falklands (denominação britânica das Malvinas) quiserem ser território soberano britânico devem continuar a sê-lo. Ponto. Final da história". "Quero dizer que nós, argentinos, nunca acreditamos nos pontos finais, nem na questão dos direitos humanos e muito menos nos direitos soberanos a nossas ilhas Malvinas", insistiu Kirchner.

A presidente fez uma alusão, assim, à lei do Ponto Final, sancionada em 1986, que tentou acabar com os julgamentos de militares que violaram os direitos humanos durante a ditadura (1976-1983).

Essa lei e uma outra de anistia, a da Obediência Devida, foram anuladas pelo Congresso em 2003, durante a presidência do falecido Néstor Kirchner (2003-2007), permitindo a reabertura dos processos. "No século XXI, (a Grã-Bretanha) continua sendo uma grotesca potência colonial em decadência, porque o colonialismo é algo antigo, além de injusto", acrescentou a chefe de Estado.

Cristina Kirchner disse também que "é somente a mediocridade, a revanche (que faz) crer que se pode pôr o ponto final na história".

A presidente insistiu em que a Argentina "seguirá reclamando incansavelmente não apenas a soberania, mas um diálogo (com os britânicos) para negociar como manda uma resolução das Nações Unidas". "Que não fiquem dúvidas de que a Argentina voltará a recuperar a soberania" sobre o arquipélago do sul do Atlântico, "com base no direito internacional e na paz", disse.

A disputa pelas Malvinas começou em 1833, quando tropas despachadas por Londres expulsaram os argentinos e constituíram uma colônia.

A ditadura argentina tentou recuperar as ilhas pela força, em 1982, mas, depois de um confronto bélico de 74 dias, suas tropas se renderam, deixando 649 argentinos e 255 britânicos mortos.