Paris - Os Estados Unidos são o país mais "procurado" pelos cibercriminosos para a realização de ataques ou para fazer transitar fluxos financeiros ilícitos, em razão de legislações "permissivas", segundo um relatório apresentado nesta quarta-feira em Paris.
Intitulado "Os mercados negros da cibercriminalidade" esse relatório da empresa especializada em inteligência estratégica CEIS analisa os perfis dos cibercriminosos, suas táticas e suas ferramentas, assim como os meios de se proteger.
"As operações de lavagem de dinheiro são tradicionalmente associadas aos paraísos fiscais. Entretanto, o país mais procurado pelos cibercriminosos não aparece em nenhuma lista negra da OCDE", indica esse relatório.
"Dos 50 estados que pertencem aos Estados Unidos, dez possuem legislações muito permissivas, com as mais liberais encontradas em Delaware, na Califórnia, na Flórida e no Estado de Nova York", ressalta.
Segundo essas legislações para a criação de empresas de "responsabilidade limitada", "qualquer pessoa residente fora ou dentro dos Estados Unidos pode criar sua própria empresa em 24h na internet. Basta preencher um formulário. A criação de uma empresa em Delaware custa 129 dólares", explica o CEIS.
De acordo com o relatório, "essas empresas de fachada são legalmente registradas por um agente que é isento de qualquer responsabilidade, seja em termos de vigilância de eventuais atividades ilícitas ou de alertar as autoridades em caso de suspeitas".
Por causa de suas legislações, 14 estados permitem a essas empresas fictícias manter em segredo o nome de seus membros ou proprietários, indicou.
"Depois que a empresa é registrada, o agente abre uma conta bancária nos Estados Unidos para seu cliente", que é usado apenas como laranja. "Os depósitos efetuados transitam pelas agências de bancos internacionais em Nova York e depois são repatriados para o exterior".
"Quando chega ao destino final, o dinheiro é totalmente lavado: a empresa de fachada permite que as somas se passem por ganhos obtidos com uma atividade econômica real e a sucessão de movimentações bancárias internacionais não permite rastrear a fonte", denuncia o relatório.