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Refugiados sírios na Turquia pedem ajuda e ONU apura abusos


As histórias que vêm dos acampamentos de refugiados montados pela organização Crescente Vermelho na Turquia revelam o medo da barbárie, o abandono e a incerteza. Huda, uma professora de inglês de 35 anos, conversou com um grupo de sírios que chegou na madrugada de ontem às tendas próximas à cidade de Yaldir, a 60km da fronteira com a Síria. ;Uma mulher grávida disse que ficou na fronteira por três dias, sem comida, sem água e sem eletricidade;, contou ao Correio, por celular. ;Soubemos que duas pessoas morreram aqui no acampamento hoje, após terem sido feridas pelas tropas do presidente Bashar Al-Assad;, acrescentou a mulher, que morava em Jisr Al-Shughur.

Huda tenta entender a inércia do Conselho de Segurança, que ainda não chegou a um consenso sobre a crise em seu país. ;A ONU não está fazendo nada. Os outros países árabes também não.

O que estão esperando? Que mais pessoas sejam assassinadas?;, desabafa. De acordo com a France-Presse, vários especialistas da ONU estão na província turca de Hatay, a fim de colher depoimentos dos refugiados. Um membro da comitiva disse à AFP que seu objetivo é ;investigar os abusos; na Síria. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos recebeu denúncias de que Al-Assad impedem a entrada de ajuda humanitária no país.

A chegada da missão da ONU coincide com o aumento da repressão por parte das forças sírias. Segundo a agência Reuters, o Exército fez uma espécie de varredura em vários vilarejos perto da cidade de Jisr Al-Shughur e deteve centenas de moradores. Tanques se aproximaram pela primeira vez da fronteira com a Turquia e assediavam ontem a cidade de Maarat Al-Numaan (norte). Testemunhas relataram à emissora britânica BBC que as tropas realizam a chamada ;política da terra queimada;. Por onde passam, destroem casas e lavouras, e forçam um êxodo em massa. O número de pessoas que pediram asilo na Turquia subiu para 8.538 ; cerca de 4 mil estão no acampamento de Huda. Cinco mil se refugiaram no Líbano.

A França exortou o Conselho de Segurança a tomar uma medida urgente para frear a repressão.

;Ou se assumem as responsabilidades ou então que se fechem os olhos, que não se veja o que está ocorrendo;, alertou Bernard Valero, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. China e Rússia já acenaram que vetarão qualquer resolução contrária à Síria.

Iêmen e Líbia
No dia em que centenas de milhares de pessoas saíram às ruas de Sanaa, o presidente Ali Abdullah Saleh enviou uma mensagem aos opositores. Hospitalizado na Arábia Saudita, após sofrer um ataque de artilharia, em 3 de junho, o mandatário garantiu que passa bem e está melhorando.