Os focos de revoltas continuam se multiplicando na Líbia, onde as forças leais ao coronel Muammar Kadhafi lançaram uma nova onda de repressão contra os rebeldes, principalmente nas montanhas do oeste e em Zawiya, que, depois de dois meses de calma, voltou a ser palco de combates. A Otan anunciou que "toma as medidas necessárias para proteger os civis" a oeste da capital líbia. Neste domingo, a Aliança Atlântica continuou atacando Trípoli e seus arredores.
Em terra, os combates foram retomados no sábado e no domingo na cidade rebelde de Zauiya (oeste), que em fevereiro foi palco de violentos combates entre os insurgentes e as forças de segurança leais a Kadhafi, segundo fontes rebeldes. "Os confrontos continuam desde ontem entre batalhões de Kadhafi e dos rebeldes da cidade de Zawiya, provocando um grande número de feridos", indicou uma fonte rebelde.
Em março, as forças governamentais haviam tomado novamente o controle de Zawiya após violentos combates. No entanto, os rebeldes asseguram que no sábado recuperaram uma parte da cidade. As forças leais interromperam a estrada que leva até a fronteira com a Tunísia para "impedir a saída de refugiados" desta cidade de 250 mil habitantes, afirmou uma fonte rebelde.
Também no oeste do país, as forças de Muammar Kadhafi bombardearam no domingo os arredores de Zenten, nas montanhas de Djebel Nefusa, região muito disputada entre rebeldes e tropas do governo, segundo correspondente da AFP no local. O movimento dos rebeldes chegou na cidade histórica de Ghadames, cerca de 600 quilômetros ao sudoeste de Trípoli, segundo fontes rebeldes.
Ghadames, chamada de "Pérola do Deserto", é uma das mais antigas cidades da região pré-saariana na fronteira da Tunísia e Argélia, e é declarada patrimônio mundial pela Unesco desde 1986. No sábado, as tropas de Kadhafi bombardearam esta cidade pela primeira vez desde o dia 15 de fevereiro, quando começaram os conflitos, disse a fonte rebelde. A AFP não pôde verificar essa informação com uma fonte independente.
O porta-voz do governo, Musa Ibrahim, desmentiu que os rebeldes estejam ganhando terreno. Reconheceu que houve confrontos a oeste de Zawiya, mas minimizou sua intensidade, assegurando que "o número de insurgentes não supera uma centena".
As manifestações contra o regime se estenderam na sexta-feira e no sábado a um dos feudos da família Kadhafi, em Sabha, no sul do país, segundo o Conselho Nacional de Transição, que afirmou que as forças pró-Kadhafi haviam matado um manifestante.
No front leste, o conflito parece estagnar-se entre Ajdabiya e o porto petroleiro de Brega, enquanto as forças de Kadhafi bombardearam novamente neste sábado Dafniye, na região de Misrata, cidade portuária nas mãos dos rebeldes a 200 km a leste de Trípoli.
No plano diplomático, o porta-voz do regime afirmou que Trípoli rejeita qualquer negociação que envolva uma partida do coronel Muamar Kadhafi, rejeitando assim a oferta da Turquia, que tinha proposto "garantias" para um eventual exílio do líder líbio. Segundo Ibrahim, tal sugestão é "imoral, ilegal e sem nenhum sentido".
Por outro lado, os Emirados Árabes Unidos reconheceram neste domingo o Conselho de Transição como "único representante legítimo do povo líbio". Os Emirados tornam-se assim no 12; país do mundo a reconhecer o CNT, depois de França, Qatar, Reino Unido, Itália, Gâmbia, Malta, Jordânia, Senegal, Espanha, Austrália e Estados Unidos.