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União Africana tenta favorecer 'solução política' na Líbia

Adis Abeba - A União Africana (UA), que iniciou esta quarta-feira (25/5) uma reunião de cúpula extraordinária sobre a Líbia, procura favorecer uma "solução política" para o conflito armado no país apesar de que, até agora, seus pedidos de cessar-fogo não tenham surtido efeito.

O governo líbio havia solicitado em 26 de abril a convocação, o quanto antes, de uma cúpula extraordinária da UA para "mobilizar" o continente e "enfrentar a agressão externa" à Líbia.

O comitê ad hoc da UA sobre a Líbia, presidido pelo presidente da Mauritânia, Mohamed Uld Abdel Aziz, reuniu-se na tarde desta quarta-feira, com a participação de chefes de Estado e representantes de alto nível de Uganda, Congo, Mali e África do Sul.

Posteriormente, uma dezena de chefes de Estado africanos e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, tinham previsto reunir-se nas últimas horas da tarde no âmbito de uma minicúpula extraordinária.

Os dirigentes também tinham previsto examinar a situação no Sudão, onde o exército nortista ocupou, no sábado, a cidade de Abiyei, situada no limite entre o norte e o sul do país, provocando o êxodo de milhares de pessoas.

A presidência sul-africana, por sua vez, anunciou que o presidente Jacob Zuma viajará à Líbia para encontrar Muammar Kadhafi.

"O objetivo é falar de uma estratégia para que Kadhafi deixe o poder", disse à AFP uma fonte da Presidência sul-africana que pediu para ter a identidade preservada.

"Continuo convencido de que se necessita de uma solução política para se alcançar uma paz duradoura e satisfazer as legítimas aspirações do povo líbio", declarou, por sua vez, o presidente da UA, Jean Ping, ao abrir a cúpula.

"O mapa do caminho da UA contém todos os elementos necessários para uma solução deste tipo, mas seria preciso que nos dessem a chance de aplicá-la", acrescentou.

Este mapa do caminho prevê um cessar-fogo o quanto antes, o envio de ajuda humanitária e o início de um período de transição e diálogo que termine com eleições democráticas.

O regime de Kadhafi aceitou muito rapidamente as propostas da UA, mas o Conselho Nacional de Transição (CNT), que representa os rebeldes, respondeu que Kadhafi e seus filhos têm que deixar o poder antes de negociações.

Os encontros entre representantes da UA, a União Europeia e o Conselho de Segurança da ONU "não permitiram se encaminhar para uma visão comum da solução política capaz de garantir uma paz durável" na Líbia, disse Ping.

Trípoli foi mais uma vez alvo, na noite de terça-feira, de intensos bombardeios da Otan, que tenta provocar a queda de Kadhafi, enquanto que ao nível internacional, surgem vozes questionando os ataques da coalizão que, segundo a Rússia, se distanciam do mandato da ONU.

"Já praticamente não se respeita a letra, nem o espírito (...) da resolução 1973 da ONU, que é de caráter humanitário e se baseia na responsabilidade de proteger" a população civil, havia afirmando Ping na semana passada.