Jornal Correio Braziliense

Mundo

Países emergentes querem sucessão de Strauss-Kahn no FMI

Enquanto a França avalia que a candidatura da ministra das Finanças do país, Christine Lagarde, à sucessão de Dominique Strauss-Kahn no comando do Fundo Monetário Internacional (FMI) ganha força e já conta com o apoio sólido dos países europeus, parte dos emergentes e de outras nações tradicionalmente alijadas do comando do órgão reage e promete complicar o caminho da francesa. Ontem, Austrália e África do Sul emitiram uma nota conjunta criticando o critério de nacionalidade para a escolha.

;Durante tempo demais, a legitimidade do FMI foi comprometida por uma convenção de nomear a sua administração mais alta com base na nacionalidade dos candidatos;, disseram o ministro do Tesouro australiano, Wayne Swan, e o ministro das Finanças sul-africano, Pravin Gordhan. ;Para manter a confiança, a credibilidade e a legitimidade aos olhos dos seus interessados, é preciso que haja um processo de seleção aberto e transparente, que resulte na escolha da pessoa mais competente para ser nomeada diretor-gerente, independentemente de sua nacionalidade.; Os dois dividem a presidência do grupo de trabalho para reforma do FMI do G20 (grupo que reúne os 20 países mais ricos e em desenvolvimento do mundo).

O México, por sua vez, está cada vez mais próximo de indicar o presidente do Banco Central do país, Agustín Carstens, para o posto. Carstens foi subdiretor-gerente do FMI durante três anos antes de ingressar no governo do presidente mexicano, Felipe Calderón, como ministro da Fazenda, em 2006. Ele assumiu a presidência do banco central do país em janeiro de 2010.

Vários representantes de países da Ásia, do Oriente Médio e da África na sede central do FMI, em Washington, chegaram a dizer, na sexta-feira, que os países de mercados emergentes estão buscando um candidato de consenso. Um dos favoritos para a indicação do grupo é Kemal Dervis, ex-ministro turco da Economia, mas tem dito que rejeita a possibilidade de disputar a vaga. Há rumores de que Dervis seria uma das possibilidades consideradas hoje pelo governo brasileiro ; não há, entretanto, qualquer posição oficial do país até hoje.

A sucessão de Strauss-Kahn foi deflagrada na quinta-feira, depois da renúncia do francês ao posto de diretor-gerente do órgão, devido à acusação de crime sexual contra uma camareira de um hotel de Nova York. O domínio europeu no cargo vem sendo mantido há 65 anos. O FMI deve começar a receber as indicações de candidatos na segunda-feira.