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Ameaça de bomba em Londres na véspera de visita da rainha à Irlanda

Londres - A polícia britânica anunciou nesta segunda-feira (16/5) que recebeu uma ameaça de bomba em Londres de dissidentes republicanos irlandeses, na véspera do início de uma visita histórica da Rainha Elizabeth II à República da Irlanda, cercada por um forte esquema de segurança por medo de atentados.

"Recebemos um aviso de ameaça de bomba no centro de Londres hoje (segunda-feira). A ameaça não é específica em relação a uma hora e um lugar", declarou a polícia britânica em comunicado.

"Acreditamos que a ameaça está ligada ao terrorismo republicano dissidente", afirmou o porta-voz da Scotland Yard à AFP.

Agentes da Scotland Yard isolaram durante várias horas, a partir das 04h20 locais (00h20 de Brasília) uma região nas imediações do Mall, grande avenida que liga o Palácio de Buckingham à praça Trafalgar, no centro, mas suspenderam o cordão ao meio-dia, sem que nada tenha sido encontrado.

Especialistas em explosivos detonaram uma maleta em uma avenida próxima, que também demonstrou ser um alarme falso, segundo uma porta-voz policial.

A polícia pediu que os londrinos "mantenham-se vigilantes" e denunciem qualquer "atividade ou conduta incomum".

As autoridades destacaram que o nível de alerta do "terrorismo relacionado com a Irlanda" se mantém em nível "importante" - o terceiro em uma escala de cinco e um abaixo do terrorismo internacional -, o que significa que existe a "forte possibilidade" de um atentado.

Os grupos paramilitares irlandeses utilizam há anos códigos conhecidos pela polícia para autenticar as chamadas em caso de ameaças de bomba ou de reivindicação de ataques.

Dez mil policiais e militares zelarão pela segurança de Elizabeth II, de 85 anos, e de seu marido, duque de Edimburgo, durante os quatro dias em que os dois realizarão uma visita altamente simbólica, destinada a marcar oficialmente a reconciliação entre os dois países.

Esta ameaça veio na véspera do início da primeira visita de um monarca britânico à Irlanda desde que o país conquistou a independência do Reino Unido em 1922, que levou à implantação de um dispositivo de segurança devido às ameaças de grupos dissidentes republicanos que se opõem a qualquer presença britânica no território.

Um porta-voz do palácio de Buckingham perguntado pela AFP afirmou que não "comenta questões de segurança".

A bandeira do palácio de Buckingham indicava que a rainha não se encontrava na residência oficial de Londres.

A ameaça também coincide com os preparativos para a visita de Estado que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, convidado pela rainha, fará entre os dias 24 e 26 de maio.

O Reino Unido elevou no fim de 2010 o nível de alerta de atentados por parte de grupos contra o processo de paz na Irlanda do Norte.

Esta província britânica tem vivido em paz, na maior parte do tempo, desde o Acordo da Sexta-Feira Santa, em 1998, que pôs fim a três décadas de violência entre protestantes unionistas e católicos republicanos que deixaram mais de 3500 mortos, embora ainda ocorram ataques esporádicos.

O último deles foi o assassinato de um policial em abril, atribuído ao IRA Autêntico, grupo que disse que "a rainha não era bem-vinda em solo irlandês".

Em setembro, o diretor geral do MI5, a agência de inteligência interna, Jonathan Evans, que raramente fala em público, advertiu também que os militantes republicanos dissidentes poderiam "estender seus ataques à Grã-Bretanha".