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Strauss-Kahn, figura internacional e principal líder da oposição na França

PARIS - O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, 62 anos, indiciado em Nova York por agressão sexual e tentativa de estupro, é uma figura importante do cenário político francês, onde era considerado o principal rival socialista do presidente Nicolas Sarkozy para as eleições presidenciais de 2012.

Sua detenção nos Estados Unidos provoca um terremoto na França, a poucas semanas da apresentação das candidaturas para as primárias socialistas e no momento em que a intenção de Strauss-Kahn, que lidera as pesquisas, de ser candidato não representava dúvidas.

Strauss-Kahn foi indiciado por agressão sexual, retenção ilegal e tentativa de estupro de uma camareira de 32 anos em um quarto de hotel em Nova York.

O advogado de Strauss-Khan em Washington, William Taylor, afirmou à AFP que o cliente vai se declarar inocente.

Considerado uma das mais eminentes figuras políticas europeias na área econômica, Strauss-Kahn assumiu o comando do FMI em setembro de 2007, com o apoio do conservador Sarkozy.

Esta personalidade do socialismo francês abandonava assim o cenário político do país, ainda abalado pelo fracasso da esquerda nas eleições presidenciais e pela dolorosa experiência das primárias socialistas de 2006, nas quais foi amplamente derrotado por Segolene Royal.

Convertido em um dos poderosos do mundo e depois de desempenhar um papel chave no momento em que a instituição se viu em meio à crise econômica mundial, Strauss-Kahn era elogiado por muitos que consideravam que ele restaurou o prestígio do FMI. Assim, ganhou status internacional, como o de um chefe de Estado.

Mas sua carreira como diretor do FMI já havia sido abalada em outubro de 2008, quando foi revelada uma relação extraconjugal com uma economista húngara da instituição. Strauss-Kahn foi absolvido da acusação de abuso de poder pelo conselho de administração do Fundo, que no entanto considerou sua conduta inapropriada.

Mesmo este caso não impediu sua popularidade na França, onde liderava as pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de 2012.

Nascido em 25 de abril de 1949, professor de Economia e advogado empresarial, o político poliglota, considerado elegante e relaxado, também é chamado de diletante por críticos.

Doutor em Ciências Econômicas, professor, ex-deputado e ex-ministro da Indústria e Comércio Exterior (1991-1993), teve que renunciar a este cargo por uma acusação de criação de empregos fantasmas, da qual foi absolvido mais tarde.

Carismático, Strauss-Kahn se vale da experiência de professor para explicar conceitos complicados, como quando defendeu a Constituição europeia no referendo de 2005. Também é tema frequente das revistas de entretenimento.

Defensor de um "socialismo realista", Strauss-Kahn defende um "socialismo da distribuição, da produção, da emancipação", que para ele representam os "três pilares da social democracia".

Ele tem como principal aliado a esposa, Anne Sinclair, com quem se casou em 1991, seu terceiro matrimônio. Estrela da televisão francesa, ela deixou o trabalho em 1997 para não prejudicar a carreira do marido. O casal afirma ter "virado a página" da "aventura de uma noite" de 2008.

Strauss-Kahn é pai de quatro filhos de dois casamentos anteriores.

Também era alvo de críticas na França por seu estilo de vida e sua fortuna era investigada pela imprensa.