Genebra - O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) considerou nesta sexta-feira (13/5) que cerca de 1.200 pessoas que fugiram da Líbia podem ter morrido no Mar Mediterrâneo, e indicou relatos de navios militares que se negaram a socorrer um barco à deriva.
"Cerca de 12.000 pessoas chegaram à Itália ou a Malta e tememos que pelo menos outras 1.200 tenham morrido ou estejam desaparecidas" no mar, indicou Melissa Fleming, porta-voz do Acnur, em uma entrevista coletiva à imprensa.
Um sobrevivente contou ao Acnur que navios militares não identificados que navegavam na costa líbia tinham se recusado a socorrer um barco que transportava 72 pessoas. A maioria dessas pessoas morreu de sede, fome ou cansaço no decorrer da viagem, realizada entre o final de março e o início de abril.
A porta-voz indicou à AFP que o relato de um sobrevivente obtido na quinta-feira no acampamento de refugiados de Shusha, na Tunísia, era "dramático e crível".
Outros dois etíopes do acampamento indicaram que estavam entre os nove sobreviventes do barco que partiu de Trípoli no dia 25 de março com 72 pessoas a bordo. Cada passageiro pagou 800 dólares.
O barco, que ia para a Itália, estava lotado e ficou à deriva durante mais de duas semanas sem combustível, água e alimentos.
"O refugiado entrevistado contou que navios militares passaram duas vezes ao lado do barco sem parar e que um helicóptero militar lançou água e alimentos", disse a porta-voz.
Segundo os sobreviventes, os ocupantes do barco à deriva tiveram que beber água do mar e urina. Comeram suas pastas de dente até que "começaram morrer um a um".