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Oxfam critica resposta da ONU para proteger civis em conflitos

Londres - A resposta da ONU à violência sofrida em conflitos armados pelas populações civis no mundo é "incoerente e distorcida", aponta um estudo da Organização Não Governamental Oxfam International, em relatório publicado nesta segunda-feira (9/5).

A Oxfam divulgou o estudo baseado em 18 conflitos bélicos que afetaram civis em 2010, na véspera de um debate sobre a proteção dessas populações no Conselho de Segurança da ONU.

"A resposta do Conselho de Segurança para proteger os civis nos conflitos armados é incoerente e distorcida", insiste a ONG neste relatório intitulado "Proteção dos Civis em 2010".

A Oxfam afirma que toda ação do órgão da ONU encarregado da manutenção da paz deve responder às "necessidades identificadas no ambiente", baseada "nas informações e análises confiáveis sobre as ameaças".

O maior número de vítimas de conflitos armados em 2010 são registrados no Iraque (4 mil pessoas), Paquistão (mais de 3500), Afeganistão (mais de 2700 mortes) e Somália (mais de 2 mil). O Sudão teve o maior número de desabrigados (532 mil), reafirmando o país como o de maior número de sem-tetos no mundo, afirma a Oxfam.

Alguns destes países, como a Somália, Sudão, Iraque ou Afeganistão foram submetidos, durante todo o ano, a resoluções do Conselho de Segurança, mas apenas a metade destas referia-se a populações civis.

No caso do Paquistão, o grande número de mortes "não resultou em nenhuma ação concreta nem declaração" do Conselho, afirma a ONG.

A Organização lamenta, também, que a situação da Colombia, com 280 mil desabrigados em 2010, país com o segundo maior número de desabrigados, não tenha sido discutida no Conselho, ao longo do ano.

"Como observamos em 2010, a comunidade internacional tem uma maneira muito arbitrária de decidir quem proteger e quais são as prioridades", declara o autor do relatório Nicolas Vercke.

Os primeiros meses de 2011 foram uma exceção. Nenhum dos conflitos recentes tem gerado o mesmo compromisso político e a vontade de atuar rapidamente como na Líbia, acrescenta.

A Oxfam, por fim, pede que o Conselho de Segurança da ONU adote um enfoque mais "coerente" para proteger estas populações.

"Não existem receitas milagrosas", conclui Surendrini Wijeyaratne, de Oxfam Nova York. "Entretanto, o desamparo destas populações (...) merece a atenção da comunidade internacional, seja qual for o país afetado. Temos que ser coerentes".