Santiago - A exumação dos restos do ex-presidente chileno Salvador Allende será realizada no próximo dia 23 de maio para esclarecer se ele se suicidou, como afirma a versão oficial, ou foi executdo durante o golpe de Estado que o derrubou em 1973, informou o juiz Mario Carroza, encarregado do caso.
No último dia 15, a justiça chilena ordenou exumação do corpo depois de aceitar um pedido da família do ex-presidente.
Os restos do ex-mandatário, o primeiro e único marxista a chegar ao poder nas urnas, no dia 3 de novembro de 1970, serão analisados por peritos do Serviço Médico Legal chileno.
A investigação judicial para determinar as causas da morte de Allende foi aberta no dia 27 de janeiro, depois que a Procuradoria constatou que pelo menos 726 das mais de 3.000 vítimas que a ditadura deixou não eram objeto de investigação judicial, entre elas a de Allende.
Depois da exumação, o corpo será submetido a perícias por parte do Serviço Médico Legal, destinadas a esclarecer as causas de sua morte.
Allende foi submetido a uma necropsia no hospital Militar de Santiago depois de sua morte em meio ao bombardeio aéreo e terrestre ao palácio presidencial de La Moneda, em 11 de setembro de 1973.
Até agora a versão oficial indica que Allende se suicidou em meio ao bombardeio aéreo ao Palácio Presidencial de La Moneda na manhã de 11 de setembro de 1973, atirando contra a sua cabeça com um fuzil que havia ganhado de presente de seu amigo, o ex-presidente cubano Fidel Castro.
A declaração de seu médico pessoal Patricio Guijón - que esteve com ele momentos antes de sua morte aos 65 anos e viu o corpo - e a necropsia à qual foi submetido logo depois apoiam a versão do suicídio, aceita até agora no Chile.
Allende também havia advertido que estava disposto a morrer a se render às forças militares lideradas pelo general Augusto Pinochet.
Mas em 2008, um informe do renomado médico forense Luis Ravanal - elaborado com base na necropsia efetuada no ex-mandatário no Hospital Militar - afirmou que Allende não tinha se suicidado, e sim assassinado.
Em seu relatório, o médico ressalta que a morte de Allende teria sido ocasionada por dois tiros à curta distância de diferentes armas.
No dia seguinte a sua morte, os restos do ex-presidente Allende foram levados em um helicóptero para o Cemitério Santa Inés do balneário vizinho de Viña del Mar, onde foram sepultados diante de sua esposa, Hortensia Bussi, e de uma de suas três filhas.
Em 1990, após o fim dos 17 anos de ditadura Pinochet, seus restos foram levados para o Cemitério Geral de Santiago.
Isabel Allende confirmou que a família do ex-mandatário não viu o corpo após a sua morte. "Não deixaram minha mãe abrir o caixão", ressaltou.