A comunidade internacional, e sobretudo o Paquistão, se encontram em estado de alerta pelo temor de represálias de células da Al-Qaeda depois da morte em território paquistanês de Osama Bin Laden, em uma ação das forças especiais americanas.
As advertências para possíveis represálias da Al-Qaeda se multiplicaram nas últimas horas, e vários países reforçaram as medidas de segurança. O governo dos Estados Unidos emitiu um alerta a suas forças de segurança e fechou ao público, até segunda ordem, a embaixada e seus consulados no Paquistão.
O diretor da CIA, Leon Panetta, que comandou a operação de eliminação, advertiu que é quase certo que os partidários de Bin Laden buscarão vingança. A secretária americana de Segurança Interna, Janet Napolitano, afirmou, no entanto, que não existe nenhuma ameaça iminente de atentado nos Estados Unidos - e que não era necessário elevar o nível de alerta.
Os talibãs do Paquistão, aliados da Al-Qaeda, prometeram vingar a morte de Bin Laden, com ataques contra alvos americanos e do governo paquistanês. O Paquistão, abalado há três anos por centenas de atentados dos talibãs e seus aliados, se prepara para viver dias difíceis em um contexto complicado.
As autoridades do país são acusadas por Washington de fazer jogo duplo na luta contra o terrorismo. Ao mesmo tempo, devem levar em consideração o sentimento antiamericano da opinião pública. "É inconcebível pensar que Bin Laden não tenha se beneficiado de um sistema de apoio em um país que permitiu ficar muito tempo", disse John Brennan, principal conselheiro antiterrorista de Obama.
"A posição do Paquistão carece de clareza", declarou o ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé. "Custo a acreditar que a presença de uma pessoa como Bin Laden em uma grande residência em uma cidade relativamente pequena possa passar totalmente despercebida", criticou Juppé.
Parte dos serviços secretos paquistaneses (ISI) é suspeita de apoiar os talibãs, aliados da Al-Qaeda. As acusações foram rebatidas pelo presidente do Paquistão Asif Ali Zardari. A "eliminação" de Bin Laden é o resultado de uma "década de cooperação e da associação entre Estados Unidos e Paquistão", escreveu Zardari em um artigo publicado no jornal Washington Post.
"Nossa ajuda na identificação do mensageiro de Bin Laden conduziu no fim aos acontecimentos de segunda-feira", acrescenta no texto. Em Islamabad, como nas áreas sensíveis de várias cidades, a segurança foi reforçada.
Mais de 24 horas depois da morte de "Geronimo", o codinome de Bin Laden para os oficiais da Navy Seals da Marinha americana, as autoridades seguem revelando a conta-gotas os detalhes da operação de 40 minutos que terminou com a vida do símbolo da "jihad (guerra santa) internacional" do século XXI.
A Casa Branca relatou os minutos, "longos como dias", de Barack Obama, o vice-presidente Joe Biden e a secretária de Estado Hillary Clinton na ;situation room; (a sala de crise) da sede presidencial.
As fotos mostram rostos graves e concentrados. Em uma imagem, Hillary leva a mão à boca, demonstrando algum nervosismo.
Quando Panetta transmitiu a mensagem "Gerono was now EKIA" - Bin Laden é agora morto em combate -, o ambiente mudou. ;;Nós o pegamos", exclamou Obama ao saber que o exame de DNA confirmara a identidade do morto.
À noite, Obama pediu aos representantes e senadores americanos que aproveitem o momento para superar as divergências e retomar a unidade que se consolidou depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.
Na quinta-feira, Obama visitará o Marco Zero, em Nova York, o local onde ficavam as Torres Gêmeas destruídas pela Al-Qaeda em 11 de setembro de 2001, para encontrar os familiares das vítimas.
Bin Laden, nascido em 1957, morreu em uma mansão de Abbottabad, cidade situada 80 km a norte de Islamabad, onde vivia escondido. Ele morreu com um tiro na cabeça disparado pelos membros das forças especiais americanas Navy Seals.
"O comando queria capturá-lo vivo, mas Bin Laden resistiu durante o tiroteio. Assim, tiveram que matá-lo", afirmou uma fonte do governo americano. O corpo de Bin Laden foi lançado ao mar de um porta-aviões americano na costa paquistanesa, após passar por um ritual islâmico e para evitar que o local de sepultamento se transformasse em área de peregrinação.