O líder supremo da Al-Qaeda, Osama bin Laden, e seu lugar-tenente, Ayman al-Zawahiri, viajaram três meses sem parar pelo Afeganistão depois dos atentados do 11 de setembro de 2001, segundo arquivos secretos militares americanos divulgados pelo site WikiLeaks.
Os documentos, que fazem parte das avaliações de inteligência dos presos de Guantánamo, revelaram que, apenas quatro dias depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, Bin Laden falou aos combatentes árabes que pegaram em armas no Afeganistão contra os "invasores infieis", segundo o Washington Post.
O Post integra um grupo de meios de comunicação que teve acesso aos arquivos militares sigilosos obtidos pelo site de denúncias WikiLeaks.
Em um sinal de como Bin Laden estava depois de escapar do complexo de cavernas de Tora Bora, no leste do Afeganistão, em meados de dezembro de 2001, o líder da Al-Qaeda chegou a pedir 7.000 dólares emprestados a um protetor, com a promessa de reembolsá-los num prazo de um ano, segundo os documentos.
Em algum momento antes de escapar de Tora Bora, Bin Laden, de origem saudita, e Ayman al-Zawahiri, de origem egípcia, teriam recebido um fluxo constante de visitantes e ordenado a seus seguidores que continuassem atacando objetivos ocidentais a partir de um quartel-general improvisado numa casa de hóspedes secreta nos arredores de Cabul.
Bin Laden fez com que seus combatentes abandonassem os campos de treinamento e disse a algumas de suas esposas e outras mulheres e crianças que fugissem para o vizinho Paquistão.
Em 7 de outubro de 2001, durante os primeiros dias da campanha de bombardeios contra o Afeganistão liderada pelos Estados Unidos, Bin Laden se reuniu com o alto oficial talibã Mullah Mansour em Kandahar, pátria espiritual do grupo.
Zawahiri acompanhou Bin Laden nesse mês a uma reunião com Jalaluddin Haqqani, que ainda lidera a insurgência talibã contra os Estados Unidos e seus aliados no Afeganistão, acrescenta o Post.
Bin Laden escapou de seu refúgio em Tora Bora em novembro de 2001, acompanhado de Zawahiri e membros de seu pessoal de segurança.
O líder da Al-Qaeda disse a seus companheiros que "permanecessem firmes em seu compromisso de lutar, que obedecessem aos líderes, que ajudassem os talibãs e que seria um grave erro e um tabu desistir antes da luta acabar", indicam os documentos.
Em outras informações do Wikileaks divulgadas pelo site da revista alemã Der Spiegel, a Al-Qaeda chegou a iniciar os preparativos para cometer um atentado no aeroporto londrino de Heathrow, com a mesma estratégia do ataque de 11 de setembro.
O "cérebro" dos atentados de 2001 nos Estados Unidos e número três da Al-Qaeda, Khalid Sheik Mohamed, formou em 2002 células para preparar este ataque, segundo relatórios secretos do Pentágono aos quais a revista teve acesso.
A ideia era desviar um avião pouco depois da decolagem e jogá-lo contra um dos próprios terminais de Heathrow, um dos principais aeroportos da Europa.
Segundo o depoimento do paquistanês Khalid Sheik Mohamed, obtido pela CIA, a Al-Qaeda abordou o plano no mais alto nível em várias ocasiões. Alguns membros da organização de Osama bin Laden chegaram a propor uma infiltração entre os funcionários do aeroporto.