Misrata - Os combates entre as forças leais ao ditador Muammar Kadhafi e os rebeldes líbios nas ruas de Misrata deixaram 28 mortos e mais de 100 feridos neste sábado (23/4), informaram fontes médicas locais.
Misrata teve hoje "o número mais grave em 65 dias de combates", com 28 mortos e uma centena de feridos, segundo o doutor Khalid Abu Falra, do hospital Al-Hikma.
"Estamos esgotados, faltam pessoal e remédios", disse o médico.
As ambulâncias chegavam a cada três ou quatro minutos, enquanto o pessoal do hospital Al-Hikma limpava freneticamente as macas manchadas de sangue, constatou um jornalista da AFP.
Por volta da 01H00 local de domingo, foguetes Grad explodiam por toda a cidade, em meio a rajadas de armas automáticas, apesar do anúncio do governo de suspensão dos ataques.
O vice-ministro líbio das Relações Exteriores, Khaled Kaaim, disse na noite de sábado que as forças armadas suspenderam suas operações em Misrata, mas mantendo suas posições a espera de uma solução pacífica intermediada pelas tribos da região.
Misrata tem sido palco de guerrilha urbana entre forças pró-Kadhafi e rebeldes há mais de seis semanas, e segundo fontes locais, ruas inteiras foram pulverizadas com tiros e bombardeios.
Na sexta-feira, Khaled Kaim deu um "ultimato" ao Exército para conter a rebelião na cidade, localizada 200 km a leste da capital.
Segundo o vice-chanceler, "houve um ultimato ao exército líbio: se eles não resolverem o problema em Misrata, então as pessoas das cidades vizinhas de Zliten, Tarhuma, Bani Walid e Tawargha vão intervir e conversar com os rebeldes".
Em meio à ofensiva de Kadhafi em Misrata, a aviação da Otan bombardeava posições do regime em Trípoli, alvo de vários raids neste sábado.
Várias explosões sacudiram o centro da cidade a partir das 19H45 local (14H45 Brasília) e o bombardeio da Otan prosseguia pela noite, comprovaram os jornalistas da AFP na capital líbia.
O bombardeio atingiu o setor do quartel-residência de Kadhafi em Bab al-Aziziya, próximo ao centro de Trípoli.
A agência oficial Jana informou que duas pessoas morreram nos ataques da Otan na noite de sexta-feira em Zintan, no sudeste de Trípoli.
Paralelamente, um alto oficial militar afirmou que os ataques aéreos das forças aliadas destruíram de 30% a 40% das forças de Kadhafi, afirmando que o conflito está progredindo para um impasse.
"Tenho certeza de que as forças da Otan continuarão a destruir a capacidade militar das forças do regime", disse o almirante Michael Mullen.
Os Estados Unidos promoveram seu primeiro ataque com o drone Predator na Líbia no início da tarde deste sábado, informou o Pentágono, sem dar detalhes sobre a localização dos alvos.
França, Itália e Inglaterra anunciaram que enviariam soldados para o leste da Líbia, mas apenas para auxiliar os rebeldes em questões técnicas, logísticas e organizacionais, e não para entrar em combate.
O presidente francês, Nicolás Sarkozy, declarou sua intenção de seguir os paços do senador americano John McCain e visitar Benghazi.